A seleção brasileira entrou em campo na última sexta-feira pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo em meio a uma profunda crise institucional na CBF. Os bastidores da vitória por 2 a 0 sobre o Equador com gols de Richarlisson e Neymar adicionaram mais um capítulo à relação conturbada entre jogadores e Rogério Caboclo. O presidente da entidade tem seu cargo em risco ao passar por uma acusação de assédio moral e sexual, enquanto atletas e comissão técnica se opõem à realização da Copa América no Brasil.
De acordo com o “GE”, Caboclo se juntou à corrente dos jogadores no vestiário antes da partida, e sua palavras gerou constrangimento aos atletas. Antes de a bola rolar, o dirigente fez questão de conversar com o técnico Tite no gramado, na frente de todas as câmeras. Ele não se furtou de se manter nos holofotes mesmo após ser acusado formalmente de assédio sexual. Caboclo assistiu à vitória de um camarote do Beira-Rio.
Por meio de seus advogados, ele negou as acusações que foram formalizadas por uma funcionária da CBF nesta sexta-feira. Além de conversas constrangedoras e humilhação no ambiente de trabalho, Caboclo teria tentado regular até roupas e amizades da mulher. Após a revelação das acusações, fontes não identificadas da entidade afirmam que esperam a renúncia de Rogério Caboclo.
Enquanto isso, dentro da CBF cresce a expectativa de que treinador da seleção possa pedir demissão após as partidas das Eliminatórias, devido ao clima negativo. Em meio à turbulência, o técnico disse após o jogo que trabalha normalmente e está “em paz”.
Casemiro, capitão do time, também falou depois da partida, e sua entrevista repercutiu nas redes sociais.
– Nosso posicionamento todo mundo sabe, mais claro impossível, Tite deixou claro nosso posicionamento e o que nós pensamos da Copa América. Existe respeito e uma hierarquia que temos que respeitar, e claro que queremos dar nossa posição – declarou ele à TV Globo.
Segundo informações do “GE”, os jogadores da seleção preparam um manifesto sobre Copa América, e o texto começou a ser elaborado ainda antes da partida contra o Equador. A ideia é externar a posição do grupo a respeito da disputa do torneio em meio à pandemia de Covid-19, mas sem dar tom político ao texto.
Para eles, disputar ou não a Copa América não significa um ato a favor ou contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, ou a Rogério Caboclo. A data para publicação do manifesto ainda não foi definida, e ele tem o objetivo mostrar união entre os atletas e todo o grupo de trabalho de Tite.
Os atletas estão insatisfeitos com a forma como o presidente da CBF conduziu a transferência da Copa América para o Brasil. Em meio à crise, a seleção volta a campo na próxima terça-feira, diante do Paraguai, em Assunção. Até a véspera da partida, a delegação seguirá em Porto Alegre, enquanto Caboclo deve voltar ao Rio de Janeiro.