O médico e pesquisador Carlos Brito foi homenageado durante o 60º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (MedTrop 2025), realizado em João Pessoa. A homenagem reconhece seu papel crucial na identificação da ligação entre o vírus zika e os casos de microcefalia que surgiram em Recife em 2015.
A descoberta de Brito representou um ponto de virada na história da saúde pública brasileira. Em outubro de 2015, ele levantou a hipótese de que o aumento no número de recém-nascidos com microcefalia poderia estar relacionado ao zika. A informação, embora inicial, acendeu um alerta que impulsionou a formação de uma força-tarefa em Pernambuco para investigar o surto.
Brito, com serenidade e lucidez, foi o primeiro a expressar a possibilidade de uma conexão entre os casos e o vírus zika. Na época, o zika era pouco conhecido, mas a convicção de Brito de que a ciência começa na dúvida, impressionou.
A partir desse momento, Pernambuco se mobilizou, e a notícia começou a se espalhar pelo Brasil e pelo mundo. O Ministério da Saúde foi acionado, e a situação sem precedentes em Recife ganhou atenção nacional. Brito descreveu a situação como um novo capítulo na história da medicina, uma previsão que se confirmou. Ele reconheceu que a crise de saúde redefiniria a visão da ciência sobre arboviroses e a vulnerabilidade humana.
Dez anos depois, o reconhecimento público a Carlos Brito traz uma sensação de gratidão e relembra os dias de incerteza, quando a busca por respostas era primordial. Brito transformou perplexidade em investigação, unindo ciência, sensibilidade e compromisso com a verdade.
A homenagem a Carlos Brito celebra a força do jornalismo e da ciência quando trabalham juntos. Sua hipótese pioneira orientou pesquisas posteriores e confirmou a ligação entre zika e microcefalia. A sua intuição e coragem em olhar além do que era visível permitiu o começo de uma importante investigação.

