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Antes de ir embora, homem voltou, atropelou e arrastou ex, diz amigo

O passageiro que estava no carro de Douglas Alves da Silva, preso por atropelar e arrastar uma mulher pela Marginal Tietê, na zona norte de São Paulo, contou em depoimento à Polícia Civil nesse sábado (29/11), que o suspeito deu uma volta e contornou o Rio Tietê antes de jogar o veículo contra a vítima. A oitiva do passageiro contraria versão apresentada por Douglas.

A vítima teve as pernas amputadas e está internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A testemunha, identificada como Kauan Silva Bezerra, contou em depoimento que Douglas teve um relacionamento recente com a vítima, Tainara Souza Santos. Segundo ele, o casal estava separado há pouco tempo.

No dia do crime, Kauan e Douglas foram a um bar, local onde encontraram Tainara conversando com outro rapaz. Nesse momento, segundo a versão do amigo do suspeito, Douglas teria ficado “enfurecido” e discutido com a mulher e com o homem que a acompanhava.

Durante a briga, Kauan teria chamado o amigo para partir e os dois entraram no carro de Douglas, um Golf preto.

Porém, ao invés de ir embora, o suspeito deu uma volta, contornando o rio, e “do nada” começou a acelerar o carro e jogou o automóvel na direção de Tainara.

Sem tempo de reação

À polícia, Kauan disse que não teve tempo de reação para impedir o amigo. Além disso, contou que Douglas puxou o freio de mão do carro propositalmente e ficou “dando pressão” – o que seria, segundo ele, uma tentativa de matar Tainara.

A testemunha afirma ter tentado impedir a ação, mas o amigo estava “transtornado”.

Enquanto Douglas arrastava Tainara pela Marginal, Kauan relatou que entrou em desespero e fez o homem parar o carro. O motorista só teria parado o veículo após a testemunha brigar e gritar com ele.

Ao descer do Golf preto, Kauan diz que se desesperou, sem acreditar no que havia acontecido. Ele deixou o local, mas posteriormente colaborou com as investigações fornecendo informações a respeito de Douglas e da ocorrência.

Mulher arrastada

Câmeras de segurança flagraram o momento em que Tainara é atropelada e arrastada pelo ex, Douglas Silva. Nas imagens, é possível ver que ela andava a pé com outro rapaz quando é atingida por um carro preto. A cena é forte.

 

Tainara teve as pernas amputadas e segue internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo os advogados da família da vítima, ela não corre risco de morrer.

Nessa terça-feira (2/12), ela passou por um novo procedimento cirúrgico.

Familiares informaram ao Metrópoles que, tanto a cirurgia para inserir pinos no quadril, quanto uma colostomia foram realizadas com sucesso. A vítima segue estável e inconsciente.

Suspeito preso

Preso por atropelar e arrastar a ex na Marginal Tietê, zona norte de São Paulo, Douglas Alves da Silva afirma que foi vítima de agressões e possível tortura praticada por policiais no momento da prisão.

Segundo boletim de ocorrência, Douglas tentou pegar a arma de um dos policiais no momento da abordagem e acabou baleado no braço esquerdo. Ele teria sido socorrido ao Hospital Municipal Vila Alpina, onde recebeu atendimento médico emergencial antes de ser levado à delegacia.

A defesa de Douglas, no entanto, afirma que “o acusado não recebeu qualquer atendimento, permanecendo com a ferida aberta, expondo-se a risco concreto e iminente de infecção, especialmente diante do ambiente insalubre em que se encontra custodiado”.

Os advogados alegam, ainda, que o homem “sequer foi medicado até o presente momento, não tendo recebido um único comprimido para dor, a despeito de haver sido apresentado em audiência com perfuração por arma de fogo, chegando inclusive a respingar sangue no chão da sala de audiência, fato presenciado por todos”.

Na segunda-feira (1º/12), o juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner solicitou as alegações sejam apuradas pela Corregedoria da Polícia Civil.

Procurada pelo Metrópoles, a Polícia Civil afirmou que a abordagem ao autor da tentativa de feminicídio cumpriu todos os requisitos necessários e foi realizada “dentro dos parâmetros de legalidade”.

“Ele foi autuado em flagrante por resistência e desobediência e levado à delegacia para os procedimentos de polícia judiciária após receber atendimento médico. Ao passar por audiência de custódia, permaneceu preso por decisão

Falha mecânica

Durante o interrogatório, o homem ainda afirmou que está “completamente arrependido” e que não conhecia Tainara Souza Santos.

Douglas disse que estava em um bar desde a noite da sexta-feira (28/11) e se envolveu em uma briga para defender o amigo Kauan após um desentendido com o companheiro de Tainara.

Na confusão, Douglas teria sido atingido com uma garrafada no rosto e ameaçado de morte. Ele disse que deixou o local com o amigo e, já dentro do carro, avistou Tainara acompanhada do outro rapaz. O homem então teria feito uma manobra e estava indo embora quando “acabou batendo o carro nela”.

Douglas disse que suspeitou do suposto problema mecânico ao notar que “o carro não ia para frente” após a batida, mas negou ter percebido que a vítima estava debaixo do veículo. Ele disse que pessoas começaram a gesticular, mas acelerou e deixou o local em direção à Marginal Tietê. Na avenida, outros motoristas teriam buzinado e alertado que uma mulher estava abaixo do veículo. Segundo o homem, ele parou em um posto de combustível metros à frente — momento em que Tainara se desprendeu do carro —, mas fugiu por medo de ser agredido.


Polícia desmente versão

  • O depoimento de Douglas, no entanto, destoa das informações reunidas pela polícia.
  • Segundo as investigações, o criminoso conhecia Tainara, com quem teve um relacionamento esporádico. Ele agiu por ciúmes e por não aceitar o fim do relacionamento.
  • Kauan tentou desestimular Douglas e insistiu para que o homem parasse o carro enquanto a mulher era arrastada na Marginal.
  • O delegado Augusto Bícego também afirmou que Douglas não parou o veículo e Tainara só escapou porque o corpo se desprendeu.
  • A irmã de Taianara afirmou que Douglas já a perseguia há tempos e que ambos nunca chegaram a ter um relacionamento sério.

Em seguida, Douglas teria contado o ocorrido para os familiares e conversado com um advogado, que o orientou a deixar o carro longe do local dos fatos para ser entregue às autoridades posteriormente. O homem levou o veículo até a casa de um ex-sogro sem informar o motivo.

Então, Douglas reservou um quarto em um hotel distante, onde foi preso no dia seguinte ao crime. No momento da prisão, o homem ainda partiu para cima de um policial e acabou baleado no braço.

Quem é a vítima

Descrita pela família e amigos como uma mulher divertida, sorridente e “gente boa”, Tainara é mãe de dois filhos, um menino de 12 anos e uma menina de 8, e mora sozinha com eles.

Ao Metrópoles a amiga de infância Letícia Dias contou que a vítima gosta de sair para curtir a vida com as amigas, a família e os filhos.

“Tudo que ela puder aproveitar dessa vida, ela aproveita”, revelou Letícia.

Tainara estava trabalhando na produção de uma agência de comércio eletrônico. “Ela estava fazendo as coisinhas dela, estava planejando várias coisas, mas infelizmente veio essa tragédia. Ela é uma menina muito gente boa, mas o que aconteceu com ela vai ficar pro resto da vida dela”, lamentou a amiga.

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Tainara Souza Santos

Reprodução/ Instagram

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Tainara Souza Santos

Reprodução/ Instagram

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Tainara Souza Santos

Reprodução/ Instagram

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De acordo com amigos e familiares, o rapaz que dirigia o carro era Douglas Alves da Silva, ex de Tainara

Reprodução/ Instagram

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Douglas Alves da Silva chegando em delegacia após audiência de custódia

Reprodução/TV Bandeirantes

O irmão de Tainara, Luan, disse que “ela é uma menina alegre. Gosta de sair, curtir, não arruma briga, é querida, faz todo mundo sorrir, é brincalhona”.

No Instagram de Tainara, há diversos posts de viagens.

Família pede Justiça

Familiares, amigos e advogados de Tainara Souza Santos dizem que vão lutar para que a Justiça seja feita pela vítima.

A defesa, representada por Fabio Costa e Wilson Zaska, publicou nas redes sociais que o caso “jamais ficará impune” e que “a Justiça será feita”.

Fonte: Metropole

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