O Brasil possui uma capacidade instalada no setor elétrico de aproximadamente 215 gigabytes, enquanto a carga média gira em torno de 82 gigabytes. Essa sobreoferta de energia, estimada em cerca de 2,6 vezes a demanda, não deve ser vista como um problema, mas sim como uma oportunidade para o país. A avaliação é de Reive Barros, presidente da Acrópolis Energia e coordenador da Conferência Ibero Brasileira (Coniben), durante um debate.
Apesar da abundância de energia, a estrutura tarifária, que considera custos de geração, transmissão e utilização, resulta em tarifas elevadas. Barros defende um maior uso dessa energia, buscando alternativas para absorvê-la e atacando questões estruturais como os subsídios, considerados relativamente altos.
Data Centers, localizados no Nordeste, são apontados como uma solução de curto e médio prazo para o excesso de energia. A criação de uma nova indústria que consuma a energia eólica e solar produzida no Nordeste também é uma proposta defendida por Barros, visando evitar que a energia limpa seja transferida para regiões mais desenvolvidas.
Luiz Piauhylino Filho, CEO da consultoria H2 Verde e secretário de hidrogênio verde do Instituto Nacional de Energia Limpa, endossa a proposta, adicionando a produção de hidrogênio verde e seus derivados. Ele destaca o potencial do Nordeste, abrangendo estados como Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia, tanto na produção de energia limpa no litoral quanto no interior. Piauhylino também levanta a questão da transformação de usinas hidrelétricas em usinas reversíveis, com a Usina Hidrelétrica de Itaparica, em Pernambuco, como potencial candidata.
Barros enfatiza a importância de que os parlamentares compreendam a necessidade de aproximar a geração da carga, reduzindo custos de transmissão, perdas e melhorando a confiabilidade do sistema. Ele defende projetos integrados que não necessitem de conexão ao sistema de distribuição nacional, com geração, transmissão e consumo no mesmo local, como uma alternativa para o Nordeste.
O uso de etanol e e-metanol como base para a produção de energia e novos produtos também foi defendido. O etanol tem se mostrado competitivo para a produção de energia em usinas térmicas, como a que está sendo testada em Suape, Pernambuco, e para a produção de e-metanol, como o projeto da dinamarquesa European Energy, também em Suape.
Sobre a microgeração de energia distribuída, Barros defende uma nova abordagem sobre os subsídios, com discussão por parte do governo, Aneel e ONS. Ele também defende leilões de capacidade para assegurar o fornecimento nos horários de pico de consumo, utilizando usinas hidráulicas e térmicas como garantia.

