A queda de preços em agosto foi puxada principalmente pelos alimentos, que tiveram deflação de 0,44%, e pelo grupo de despesas habitação, que recuou 0,51%. Ainda assim, o mercado mantém o alerta ligado em relação aos novos impactos inflacionários no País. A deflação do mês passado não deve surtir efeito no longo prazo, em virtude da seca que ainda assola o País e a melhora do mercado de trabalho, que podem pressionar a inflação na próxima divulgação.
Embora o País tenha visto uma deflação em agosto, a queda foi mais concentrada em itens com peso importante na cesta de consumo das famílias, como a energia elétrica residencial e os alimentos. No geral, os aumentos de preços foram mais espalhados entre os itens pesquisados em agosto do que em julho.
A avaliação é de Denise Cordovil, analista da Gerência Nacional de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) arrefeceu de uma alta de 0,38% em julho para uma queda de 0,02% em agosto. O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 47% em julho para 56% em agosto.
“O índice de difusão tem mais subitens com resultados positivos no mês de agosto do que em julho. O impacto de subitens que tiveram queda foi maior dos que os que tiveram alta”, disse Cordovil. “O impacto negativo de alimentos e energia elétrica teve peso maior, contribuiu mais para a queda, embora no mês de agosto você tenha um espalhamento maior (de aumentos de preços entre itens pesquisados)”, completou.
Dentro do grupo Habitação, a queda de 2,77% na energia elétrica residencial exerceu o maior alívio sobre a inflação de agosto, uma contribuição de -0,11 ponto porcentual para a taxa de -0,02% registrada no mês pelo IPCA. Os gastos com Alimentação e bebidas recuaram 0,44%, um impacto de -0,09 ponto porcentual. Os grupos Alimentação e habitação representam juntos 36,53% do IPCA.
Segundo Cordovil, a maior oferta de alimentos tem contribuído para a queda nos preços.
“A gente tem, historicamente, no início do ano temperaturas mais altas, chuvas mais intensas. E nesse meio do ano, a temperatura é mais amena, o volume de chuvas diminui, isso acaba favorecendo os preços de alimentos”, corroborou André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE.
Três alimentos figuraram no ranking de cinco principais impactos negativos sobre o IPCA de agosto: batata-inglesa (-0,06 ponto porcentual), tomate (-0,04 p.p.) e cebola (-0,04 p.p.).
O IPCA é composto por uma cesta de consumo de 377 subitens.
DEFLAÇÃO NO RECIFE
No Grande Recife, esta é a segunda deflação do ano após um recuo de 0,09% em maio. Apesar deste resultado, o acumulado do ano no Recife é a sexta maior taxa do país, atrás de São Luís (4,20%), Belo horizonte (4,04%) Aracaju (3,68%), Fortaleza (3,0%) e São Paulo (2,98%).
Dos nove grupos de produtos pesquisados, 4 apresentaram deflação: Habitação (-0,82%), Artigos de residência (-0,55%), Alimentação e bebidas (-0,49%) e Comunicação (-0,02%).
Vestuário foi o grupo com maior aumento percentual em agosto com variação de 0,72%. Os demais grupos que tiveram aumento foram: Saúde e cuidados pessoais (0,71%), Despesas pessoais (0,18%), Transportes (0,09%) e Educação (0,03%).
No acumulado do ano a variação é de 2,88%. Saúde e cuidados pessoais apresentando a maior variação acumulada (5,76%), seguido por Educação (5,15%). Alimentação e bebidas acumula variação de 3,41% no ano.
Entre os cinco produtos com maior redução de preços no mês, todos foram do grupo de alimentos: cebola (-28,05%), batata inglesa (-18,69%), tomate (-13,79%), alface (-13,56%) e cenoura (-13,50%).
O melão (10,66%), o peixe anchova (8,33%) e o mamão (8,32%) foram os produtos com maior aumento no período.
Fonte: JC
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