Na primeira reunião do ano, o Conselho de Ética da Câmara adiou a votação do relatório sobre a cassação do mandato de Eduardo Cunha.
Na primeira reunião do ano, o Conselho de Ética da Câmara adiou a votação do relatório sobre a cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha. No Supremo Tribunal Federal, o processo que pede o afastamento dele da presidência da Câmara avançou.
Eduardo Cunha foi notificado na manhã desta terça-feira (16). Terá dez dias para se defender. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot afirmou no pedido ao Supremo Tribunal Federal que Cunha usa o poder de presidente da Câmara para atrapalhar as investigações contra ele.
O procurador denunciou Cunha ao Supremo Tribunal Federal em agosto por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em documento conhecido nesta terça, depois do fim do segredo de Justiça do processo, Janot descreve Cunha como “extremamente agressivo e dado a retaliações a todos aqueles que se colocam em seu caminho a contrariar seus interesses”.
Cunha é acusado de receber cerca de US$ 5 milhões de propina da compra de navios-sonda pela Petrobras. Ele nega as acusações e pediu que o processo fosse suspenso porque é o terceiro na linha sucessória do poder, atrás da presidente Dilma e do vice Michel Temer, e não poderia ser julgado.
No Conselho de Ética, o pedido de cassação do mandato de Eduardo espera decisão há quatro meses.
Cunha e aliados no Conselho conseguiram anular duas vezes a votação do relatório pela continuidade do processo de cassação do mandato. Uma delas por decisão do deputado Waldir Maranhão, vice-presidente da Câmara e aliado de Cunha.
As votações no Conselho de Ética foram sempre apertadas contra Cunha, com o placar de 11 a nove. E contaram com o voto do deputado Arnaldo Faria de Sá, do PTB. Mas o deputado deixou o Conselho a pedido do líder do PTB, Jovair Arantes, aliado de Cunha, que indicou para a vaga a deputada Jozi Araújo. Agora, o placar no Conselho estaria empatado: dez a dez.
O voto de minerva seria do presidente do Conselho, José Carlos Araújo, que nesta terça recebeu o presidente da OAB, que apoia o afastamento de Cunha do cargo. Ele pediu socorro à OAB.
“A Mesa da Casa, a presidência da Casa tentam cercear o nosso acesso. Então, nós pedimos à OAB socorro, na verdade o que eu pedi ao presidente da OAB hoje nesta Casa foi socorro”, afirmou José Carlos Araújo.
O Conselho se reuniu pela primeira vez no ano, e não votou nada. José Carlos Araújo aguarda resposta da Mesa Diretora sobre a decisão que derrubou a votação do relatório de dezembro.
E a defesa de Cunha tirou mais um coelho da cartola. Alegou ao Supremo que o Conselho deveria esperar mais dez dias, o tempo para preparar a defesa. O relatório é o mesmo apresentado em dezembro pelo deputado Marcos Rogério, do PDT.
“Direito de defesa não é manobra. É garantia da luta de todos que estão aqui e de todos que estão nos assistindo”, disse Marcelo Nobre, advogado de Eduardo Cunha.
“O que nós estamos assistindo aqui para a sociedade brasileira, o povo brasileiro, é escárnio, vergonha, desmoralização do Conselho de Ética, é desmoralização da Câmara dos Deputados”, afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
Eduardo Cunha disse que a culpa do atraso é toda do Conselho.
“Eles não tão errando por desconhecimento, eles estão errando propositalmente com o objetivo de estender o processo, de aumentar o tempo do processo, sabe que vai ser tudo refeito depois porque sabe que estão errados e com isso eles vão se mantendo na mídia”, disse Cunha.
(Do JN)