Com 55 anos de existência, uma das mais conhecidas empresas de comunicação de Pernambuco, a agência Aliança, foi apontada pela Polícia Federal como a sede informal de uma organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos do Sistema S e do Ministério do Turismo. Para os delegados federais responsáveis pela Operação Fantoche, desencadeada na manhã dessa terça-feira (19), a agência localizada no Recife promovia eventos culturais gratuitos, como festivais de cinema e de bonecos, para fraudar contratos públicos orçados em R$ 400 milhões e celebrados a partir do ano de 2002.
Dez mandados de prisão e 49 de busca e apreensão foram cumpridos em seis estados e no Distrito Federal. Entre os presos estão os irmãos Luiz Otávio Vieira, Luiz Antônio Vieira e Lina Rosa Vieira, sócios e diretora da agência, respectivamente. Mais conhecido como Tavinho, Luiz Otávio já foi preso pela PF em 2013 durante Operação Esopo. “Esse grupo familiar se aproximou de algumas pessoas do Sistema S e conseguiu abocanhar parte de desse dinheiro e não aplicou nesses eventos culturais. Grande parte desse dinheiro foi desviado”, afirmou Renato Madsen, delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF.
Simultaneamente às prisões do Recife, os agentes federais prenderam, em Brasília, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga, além dos presidentes de federações estaduais de indústrias de três estados nordestinos, que estavam no mesmo evento na Capital Federal.
Também foram presos o presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger, o presidente da Federação de Indústrias de Alagoas, José Carlos Lyra de Andrade, e o presidente da Federação das Indústrias da Paraíba (FIEP-PB), Fernando de Assis Gadelha, conhecido como Buega Gadelha.
Em entrevista coletiva realizada na Superintendência da PF em Pernambuco, os delegados responsáveis pela investigação revelaram que o esquema consistia na utilização de organizações de fachada para movimentar o dinheiro recebido, por exemplo, do Sesi – empresa do Sistema S. “Eles cooptaram essas ONGs. O contrato era firmado entre a entidade do Sistema S e a ONG, que terceirizava a execução para a empresa de Pernambuco. Duas dessas ONGs retinham apenas um percentual fixo e repassavam o restante para a empresa, que fazia toda a gestão do recurso”.
Um contador de três empresas de fachada e um procurador das contas dessas organizações foram presos. Hebron Costa Cruz, presidente do Instituto Origami, foi um dos alvos dos mandados de prisão. Jorge Tavares Pimentel Junior, sócio da empresa Neves e Silva Produção, e Júlio Ricardo Rodrigues Neves, sócio da Idea Locação de Estruturas e Iluminação, completam a lista de presos.
No Recife, agentes federais também recolheram documentos nas sedes do Instituto Origami, da Aliança Comunicação e Cultura, da Idea Locação de Estruturas e Iluminação, Somar Intermediação e Negócios e da Ateliê Produções Artísticas. As dez pessoas presas foram indiciadas por peculato, fraude em licitação e formação de organização criminosa. Eles serão encaminhadas a audiência de custódia na Justiça Federal.
Quem são os presos da Operação Fantoche
Robson Braga de Andrade, presidente da CNI
Luiz Otávio Gomes Vieira da Silva, um dos donos da Aliança Comunicação
Lina Rosa Vieira , publicitária e diretora da Aliança Comunicação
Ricardo Essinger, presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe)
Francisco de Assis Benevides Gadelha, conhecido como Buega Gadelha, presidente da Federação das Indústrias da Paraíba (FIEP-PB) e um dos vice-presidentes da CNI
José Carlos Lyra de Andrade, presidente da Federação das Indústrias de Alagoas (FIEA)
Hebron Costa Cruz de Oliveira, advogado e presidente do Instituto Origami
Jorge Tavares Pimentel Junior, sócio da empresa Neves e Silva Produção
Júlio Ricardo Rodrigues Neves, sócio da Idea Locação de Estruturas e Iluminação
Luiz Antônio Vieira, sócio da Aliança Comunicação
Defesa das empresas e entidades citadas:
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
“A Confederação Nacional da Indústria (CNI) tem conhecimento de que o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, está na Polícia Federal, em Brasília, prestando esclarecimentos sobre a operação deflagrada na manhã dessa terça-feira (19/02). A CNI não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades”.
Federação das Indústrias de Pernambuco (FIEPE)
“Sobre a operação deflagrada na manhã dessa terça-feira (19), a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) informa que o seu presidente, Ricardo Essinger, está prestando esclarecimentos na Polícia Federal. Todos os processos atendem, criteriosamente, às exigências licitatórias previstas em lei a equipe técnica da entidade está à disposição para contribuir com a documentação que for solicitada pelos responsáveis pela investigação”.
Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA)
“A Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) tem conhecimento de que o presidente da entidade, José Carlos Lyra de Andrade, está na Polícia Federal, em Brasília, prestando esclarecimentos sobre a operação deflagrada na manhã dessa terça-feira (19). A FIEA não teve acesso à investigação e acredita que tudo será devidamente esclarecido. Como sempre fez, a entidade está à disposição para oferecer todas as informações que forem solicitadas pelas autoridades”.
Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP-PB)
“A Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, tomou conhecimento sobre operação de âmbito nacional, cujo teor das investigações ainda são superficiais, basicamente através de informações da imprensa. O Presidente Francisco Gadelha está no cumprimento de compromissos em viagem anteriormente marcada e se apresentará espontaneamente às autoridades nesta quarta-feira (20), em Recife, para prestar todos os esclarecimentos que se fizerem necessários e determinou que sejam prestadas todas as informações requisitadas pelos órgãos competentes para colaborar e esclarecer quaisquer fatos necessários. Ele acrescenta, ainda, que o Sistema Indústria da Paraíba está tranquilo e sem qualquer receio”.
Aliança Comunicação e Cultura
“A Aliança Comunicação e Cultura reafirma seu compromisso em produzir projetos culturais com conteúdo de altíssima qualidade, e que têm se traduzido em sucesso de público e de crítica por quase 20 anos. Ao longo desse tempo, levamos o que há de melhor no mundo das artes para mais de 10 milhões de brasileiros, em todos os estados da federação e no Distrito Federal, sempre com acesso gratuito. Reforçamos, ainda, que todos os nossos projetos passam por auditorias internas e externas, sem qualquer tipo de restrições quanto a qualidade e a entrega de TODOS os itens contratados. Nesse momento, estamos nos empenhando ao máximo para esclarecer todos os questionamentos levantados pela Polícia Federal. É do nosso maior interesse que tudo seja elucidado o mais rápido possível”.
Instituto Origami
“O Instituto Origami é uma associação civil de direito privado, independente, sem fins lucrativos e apolítica. E informa que está colaborando com todas as demandas das autoridades no sentido de esclarecer eventuais dúvidas sobre os projetos que realiza”.
Ateliê Produções Artísticas
“O Ateliê Produções, empresa pernambucana com 17 anos de atuação no mercado audiovisual brasileiro, esclarece que tem entre os seus clientes a Aliança Comunicação, para a qual presta serviços de audiovisual desde 2004, tendo realizado neste período diversos trabalhos, de projetos culturais a publicitários. Todos estes serviços cumpriram rigorosamente os contratos firmados, cujas comprovações foram entregues nessa terça-feira (19) à Polícia Federal, no intuito de colaborar com a operação deflagrada pela mesma. A produtora, que tem uma vasta carteira de clientes, públicos e privados, além de inúmeras premiações como reconhecimento ao trabalho desenvolvido, manterá sempre abertos o seu portfólio, arquivos e qualquer outros dados que venham a ser úteis aos esclarecimentos buscados nessa ação”.
Fecomércio, Sesc e Senac
“O Sistema Fecomércio/Senac/Sesc em Pernambuco esclarece à opinião pública que nenhuma de nossas instituições está envolvida na Operação Fantoche, da Polícia Federal, que investiga um esquema de corrupção por meio de convênios com o Ministério do Turismo e algumas entidades do Sistema S. Vale lembrar que o Sistema S é composto por nove instituições corporativas voltadas ao treinamento profissional, pesquisa e assistência técnica e social. O Sistema Fecomércio/Senac/Sesc-PE reafirma que não praticou nenhum ato ilícito e não é citado ou investigado em nenhuma operação ou processo criminal”.
(Por PE notícias)
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