A busca por uma educação de qualidade, capaz de impulsionar o futuro profissional e social, pulsa no coração da maioria dos brasileiros. No entanto, a desigualdade estrutural do país continua a obstruir o desenvolvimento educacional desde a primeira infância. A prioridade frequentemente declarada em campanhas eleitorais e discursos oficiais raramente se traduz em planejamento concreto e investimentos robustos para o ensino público.
A falta de recursos financeiros reflete um descompromisso alarmante com a educação, que deveria ocupar o centro das estratégias governamentais em todas as esferas. Recentemente, uma decisão controversa em Pernambuco ilustrou essa negligência. A forma de admissão nas Escolas Técnicas Estaduais (ETE) foi abruptamente alterada, substituindo o tradicional processo avaliativo por um sorteio. A indignação generalizada nas redes sociais forçou o governo a reverter a medida, sem, contudo, identificar os responsáveis pelo equívoco.
Este incidente é apenas um exemplo de uma série de obstáculos. A educação básica e as universidades federais enfrentam dificuldades orçamentárias crônicas, comprometendo a manutenção e as melhorias necessárias. O governo federal tem demonstrado um desinteresse preocupante pelos livros didáticos e literários, essenciais para o aprendizado. Os recursos para a compra de livros didáticos para 2026 permanecem indefinidos, ameaçando atrasos na entrega desse material fundamental. A minimização do problema por parte do Ministério da Educação (MEC) revela uma prioridade questionável, especialmente quando comparada à liberação de bilhões em emendas parlamentares.
O governo federal justifica as restrições orçamentárias do MEC, que afetam a compra de livros didáticos, com o argumento do arcabouço fiscal. Essa justificativa também poderia ser usada para a precariedade da infraestrutura escolar em estados e municípios, bem como para as dificuldades financeiras enfrentadas pelas universidades. Reitores se veem obrigados a buscar recursos no Congresso, em vez de no MEC, recorrendo a deputados e senadores para suprir as necessidades emergenciais.
O Brasil só alcançará seu pleno potencial quando a educação se tornar uma prioridade real nos orçamentos e na gestão pública.

