Um ex-diretor do Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), em Abreu e Lima, no Grande Recife, é alvo de investigação do Ministério Público Estadual e também da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). Assédio moral, ameaças de transferência de servidores e até pressão por pagamento de cotas para reformas estruturais de alojamentos dos policiais fazem parte da lista de denúncias encaminhadas aos órgãos investigativos.
Os primeiros relatos chegaram à Ouvidoria da SDS há pouco mais de um ano e meio e se multiplicaram ao longo dos meses, como mostram documentos obtidos pela coluna Ronda JC. Um deles fala dos problemas estruturais do presídio, como insalubridade, paredes e tetos mofados e falta de higiene mínima. Por causa disso, o ex-diretor, o tenente-coronel José Quintino Guimarães Neto, teria obrigado os PMs a pagarem do próprio bolso pelas melhorias.
“O mesmo (ex-diretor) vem constrangendo o efetivo na reforma das dependências, o pessoal que não está colaborando com dinheiro está sendo coagido, sendo exposto, pois o diretor colocou todos em forma para cobrar o valor, além de expor os policiais perante os demais que colaboraram”, dizia um dos relatos registrados na Ouvidoria.
“Usa de sua parente para abusar moralmente seus subordinados fazendo comentários e críticas pessoais para denegrir o efetivo. Um exemplo é quando entre nas seções e diz que a sala fede, atribuindo o mau cheiro ao efetivo”, citava outro texto.
“Muitos policiais estão tomando remédios controlados e sendo acompanhados por psicólogos e psiquiatras. A quantidade de atestados psicológicos pode mostrar isso”, completou outro denunciante.
Vários arquivos com denúncias foram copilados pela Associação Nacional da Advocacia Criminal (Anacrim), que procurou, ainda no ano passado, a Corregedoria da SDS para expor a situação. “Nessa reunião também esteve presente o ouvidor da SDS (Jost Paulo Reis e Silva). Falamos das perseguições que os policiais estavam sofrendo. E do acompanhamento psicológico necessário a eles. A demanda já era de conhecimento da SDS, mas a situação não chegou a ser resolvida”, afirmou o advogado Eduardo Araújo, presidente da Anacrim.
A advogada Raquel Melo, que também acompanha o caso, disse que há mais de dez denúncias formalizadas contra o ex-diretor do Creed. “Havia muitas ameaças de transferência. Os policiais viviam sob pressão e alguns, mesmo com atestados médicos, foram transferidos a pedido desse diretor, mesmo isso sendo irregular”, pontuou.