A paisagem urbana da capital pernambucana encontra-se comprometida por uma teia densa de cabos e equipamentos que se espalham por calçadas e ruas. Postes inclinados e um horizonte visualmente poluído revelam o impacto da infraestrutura de conexão na estética recifense. A sensação é de que a rede virtual exige uma estrutura física massiva, com quilômetros de fios envolvendo residências, empresas e edifícios públicos, materializando o peso da vida conectada sobre a cidade.
A desordem dos cabos e equipamentos nos postes do Recife, e em outros municípios da região metropolitana, expõe a falta de atenção de gestores públicos e empresas do setor. A aparente desconexão entre a prestação de serviços, a regulamentação e os governos agrava o problema ao longo dos anos.
Essa situação aumenta o risco de acidentes para a população. No ano passado, foram registrados mais de mil incêndios em postes de energia, e quase 500 já ocorreram este ano. O emaranhado de fios pode causar choques elétricos e interrupções no fornecimento de energia, conforme relatos. A instalação irregular de fiações de telecomunicações contribui para a sobrecarga dos postes.
Empresas de internet depositam fios e caixas sem a devida segurança, com cerca de 700 empresas clandestinas detectadas em 2024. Operadoras e provedores irregulares são notificados, e ações de organização são realizadas, mas o problema persiste, intensificado pelo roubo de cabos e a consequente instalação de mais fios.
A questão não pode ser delegada apenas às prestadoras de serviço. Há uma evidente falta de regulamentação e fiscalização por parte das autoridades. Os abusos ocorrem no espaço público, em prejuízo da coletividade, preenchendo o vácuo deixado pela omissão dos gestores municipais. A desordem exposta nos fios e postes revela o desinteresse em cuidar do espaço público, negligenciando o que acontece à luz do dia na cidade.

