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O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) passou um enorme recibo ao procurar no Supremo uma saída para seu cada vez mais nebuloso envolvimento com Fabrício Queiroz.
Até aqui, sua linha de defesa era a do não envolvimento: o problema era do motorista enrolado com transações suspeitas. Agora, Flávio trouxe o problema para si e mais: amplia o espectro de um agravamento da crise, que pode ter consequências imprevisíveis para o governo de seu pai, Jair Bolsonaro (PSL).
O caso já gerava desconforto na ala militar do governo, cada dia mais influente e ocupando espaços. Afinal de contas, a presença maciça de oficiais da reserva e também da ativa no governo passava pela ideia defendida pelo grupo que Bolsonaro podia ser despreparado, mas não era corrupto como os proverbiais petistas e emedebistas que antes ocuparam o Palácio.
O pedido de Flávio ao Supremo elevou o desconforto para o nível de alarme. Os militares já viam o protagonismo dos três filhos mais velhos de Bolsonaro em assuntos de governo como algo inadequado, mas há um risco aparente de que um caso de corrupção na família se aproxime da figura presidencial.
Além da questão dos pagamentos à primeira-dama, já bastante estranha, há uma questão de imagem. Se algo for provado contra Flávio, mesmo não atingindo diretamente o pai, estará aberta uma fenda na imagem ética que o agora presidente vendeu durante toda a sua campanha.
Se Bolsonaro mantivesse os filhos a uma distância regulamentar, poderia até ter uma linha discursiva. Ele não o fez, como a movimentação de Eduardo Bolsonaro e a presença de um vereador do Rio, seu irmão Carlos, em reuniões ministeriais comprova.
Que as suspeitas recaiam sobre o mais discreto membro do clã não parece mera casualidade. Flávio sempre foi o filho com fama de ponderação da turma. Desde que o pai foi eleito, operou em quase silêncio, e virtualmente desapareceu depois da eclosão do caso Queiroz.
Na política, quando a família está em jogo numa crise, ou o governante toma medidas drásticas ou se verá em apuros em caso de adensamento da confusão. A situação atual pode até ser lateral ou driblada por sucessos econômicos e a popularidade alta de Bolsonaro. Mas é algo bastante diverso daquilo que os apoiadores mais importantes de Bolsonaro esperavam ver logo de saída, e nem se fala aqui da legião das redes sociais. Fonte: Folha de S.Paulo
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