PUBLICIDADE

HÁ 20 ANOS – A cara de pau de um presidente dos EUA (Armando Mendes)

O Mensalão do PT ofuscou tudo (aqui em São Paulo, só dividiu atenções com a reabertura da Daslu, loja para milionários). Mas o mundo gira enquanto a Esplanada dos Ministérios roda em torno de Delúbio Soares, tesoureiro do partido, e Roberto Jefferson, presidente do PTB. Coisas acontecem.

A reunião da Organização dos Estados Americanos na Flórida, por exemplo. O Brasil e outros países conseguiram mandar para escanteio a proposta norte-americana de criar um “mecanismo de monitoramento” das democracias americanas. É claro que seria um mecanismo de pressão e intervenção dos Estados Unidos no continente. Não merece choro nem vela.

Mas a joia da reunião foi o discurso do presidente George Bush aos chanceleres. Vejam um trecho comovente:

“Nas novas Américas do século 21, a democracia é mais uma regra do que uma exceção. Pensem nas mudanças drásticas que vimos durante nossas vidas. Em 1974, última vez que a Assembléia Geral da OEA foi realizada nos EUA, menos da metade de seus membros tinha governos eleitos democraticamente. Hoje, todos os 34 países participantes têm governos democráticos e constitucionais.”

Bush esqueceu convenientemente de dizer o óbvio; que as ditaduras de 1974 eram quase todas crias dos Estados Unidos. Que só faziam o que seu mestre gringo mandava e ensinava (incluindo torturar e matar em massa).

Que a partir do golpe de 1954, na Guatemala – para ficarmos só na segunda metade do século 20 – os presidentes norte-americanos, democratas ou republicanos, treinaram, apoiaram e estimularam os militares do continente a derrubar governos que contrariassem os interesses estratégicos ou econômicos dos Estados Unidos.

Tudo em nome da Guerra Fria ou da livre iniciativa. Alguém precisa de exemplos? A memória do império é seletíssima. Outra historinha exemplar: um senador do sul dos Estados Unidos quis, há algum tempo, proibir a importação do camarão do Vietnã.

Fazia o lobby, é evidente, dos criadores americanos. O pretexto para a proibição: o camarão vietnamita seria contaminado pelo agente químico que a Força Aérea americana tinha despejado às toneladas sobre o Vietnã, durante a guerra, para desfolhar as florestas e impedir que os guerrilheiros vietcongues se escondessem nelas!

Parece piada, mas não é. Eles não brincam, nunca.

 

(Publicado aqui em 19 de julho de 2005)

Fonte: Metropole

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e Instagram. Você também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9155-5555.

Leia mais

PUBLICIDADE