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Saúde

História antivacina vai de medo de virar gado a Osama Bin Laden

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Amplificada hoje pela grita virtual, a resistência à imunização começou tão logo o naturalista britânico Edward Jenner usou uma lâmina para inocular, por um pequeno arranhão, o vírus da varíola bovina numa criança saudável

Movimentos antivacina são tão antigos quanto a própria vacina. E seus primeiros adeptos morriam de medo de virar gado.

Amplificada hoje pela grita virtual, a resistência à imunização começou tão logo o naturalista britânico Edward Jenner usou uma lâmina para inocular, por um pequeno arranhão, o vírus da varíola bovina numa criança saudável.

Nascia a blindagem pioneira contra a varíola humana, que matava quase meio milhão de pessoas por ano naquele fim do século 18.

Na época, muitos grupos foram contra a primeira vacina da humanidade, afirma Nathalia Pereira, da União Pró-Vacina, ligada à USP Ribeirão Preto. “Diziam que havia transferência para o homem de doenças que acometiam os animais, além de ‘bestializar’ os vacinados, dando fisionomia de vaca.”

Fake news acompanham esta história desde seu início. Mas a desinformação não é catapultada apenas por quem, por má-fé ou ignorância, arma cruzadas contra um método que protegeu bilhões de vidas desde sua criação.

Motins provocados por mutirões de saúde truculentos, sensacionalismo midiático, fraudes científicas e até um desastroso plano da CIA para caçar um dos maiores terroristas contemporâneos ajudam a entender por que há entre nós tantos “antivaxxers”, outro nome para quem repele a ideia da vacinação.

Essa rejeição explica em parte o Brasil não ter atingido, pela primeira vez no século, a meta para nenhuma das principais vacinas recomendadas a crianças de até um ano, segundo dados de 2019 do Programa Nacional de Imunizações. Se hoje o país tem um presidente que, no meio da pandemia, diz que ninguém é obrigado a se vacinar contra a Covid-19, a relutância nacional vem lá dos anos 1800.

Cisma importada, é verdade. Em 1808, uma publicação lusitana que levantava a hipótese de vacinas transmitirem doenças bovinas assustou o império brasileiro. “E o clero português afirmava que os vacinados recebiam o próprio demônio no corpo, e suas almas eram roubadas”, diz Pereira.

Parcelas religiosas dão até hoje sua contribuição para os “antivaxxers”, afirma Dayane Machado, doutoranda da Unicamp que pesquisa o tema. “Os dois principais boatos ligados à religião: a) as vacinas -todas ou algumas- contêm fetos abortados; b) associar a vacina contra o HPV à promiscuidade, como se incentivasse a iniciação precoce da vida sexual.”

A vacinação compulsória, com uso de força física ou de mecanismos como impedir a matrícula de uma criança não imunizada na escola, colaborou para uma má fama histórica da técnica.

“Aí entraram em jogo as liberdades individuais”, diz Machado. “A partir da obrigatoriedade é que surgiram as ligas antivacinação, pessoas que se organizavam pra protestar contra as medidas do governo.”

O problema é que, para doenças contagiosas, a pessoa que decide não se vacinar não põe em risco apenas a si própria. Há grupos cujo perfil não permite fazê-lo, como imunodeprimidos ou grávidas, em alguns casos, e eles ficam vulneráveis. Fora a sobrecarga nos sistemas de saúde.

Mas imunizar à força teve preço social. No Brasil de 1904, a Revolta da Vacina deixou um lastro de 30 mortos e 945 presos, segundo dados oficiais.

Então capital, o Rio convulsionou com as ações contra a varíola. A brutalidade dos agentes assustava, e chefes de família temiam até por sua honra pessoal: e se um homem entrasse em sua casa, com ele fora, para espetar a perna de sua mulher?

“Muitos grupos foram contrários à medida, incluindo o Apostolado Positivista do Brasil, que espalhou por meio da imprensa folhetos sobre vacinas causarem tuberculose, epilepsia e outros”, afirma Pereira.

Décadas mais tarde, o canal americano NBC produziu um fricote antivax de escala global ao exibir “DPT: Vaccine Roulette”, que associava a picada contra tétano, difteria e coqueluche, que se toma nos primeiros anos de vida, a danos cerebrais.

A comunidade médica desancou a premissa do documentário, mas o estrago estava feito. Companhias chegaram a parar de produzir a vacina tríplice bacteriana, conhecida aqui como DTP (difteria, tétano, pertússis, outro nome para coqueluche), por considerar que não valia a pena encarar a ira popular.

A atual onda antivacina é creditada a Andrew Wakefield, médico britânico que em 1998 publicou um artigo na Lancet, respeitada revista científica. Nele, vinculou a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, ao autismo.

Descobriu-se, depois, que Wakefield estava tentando patentear uma vacina concorrente e que, para seu experimento, pagou cinco libras a crianças para coletar o sangue delas na festa de aniversário do filho.

A Lancet, por fim, se retratou. Já Wakefield teve a licença médica cassada, e sua pesquisa nunca foi respaldada por novos estudos. A isca antivax, contudo, estava lançada, com celebridades como Jim Carrey e Charlie Sheen capturadas nessa rede de incredulidade sobre a imunização.

“Muitos não confiam nas empresas farmacêuticas com fins lucrativos e não estão convencidos de que o governo faz o suficiente para regulamentá-las”, diz a socióloga Jennifer Reich, que estuda, na Universidade de Colorado em Denver, famílias resistentes à imunização.

Até uma trama de espionagem internacional cumpriu seu papel para espessar este caldo negacionista. Para chegar a Osama Bin Laden, a CIA arquitetou uma campanha contra a pólio no Paquistão. Meta: extrair o DNA de crianças que seriam parentes do mentor do atentado contra as Torres Gêmeas, para tentar identificá-lo.

A farsa, revelada em 2011 pelo jornal britânico The Guardian, impulsionou uma caçada a profissionais da saúde, sobretudo em áreas tribais na fronteira do país com o Afeganistão. O Talibã ajudou a espalhar que o Ocidente usava programas de vacinação para atacar muçulmanos. A boataria incluiu vacinas com carne de porco (vetada pelo islã) e que provocavam Aids e esterilidade.

Saldo: 22 vacinadores assassinados entre 2012 e 2013, segundo a ONG Human Rights Watch, e um surto de pólio no país.

O sangue também tinge capítulos mais prosaicos deste enredo -como quando uma manifestante, para protestar contra parlamentares na Califórnia em 2019, jogou sangue menstrual neles. O Estado americano havia passado uma lei que dificultava a dispensa, sem razão médica boa o bastante, para se vacinar.

A internet veio para amplificar essas vozes. Relatório de 2019 da Sociedade Brasileira de Imunizações trouxe a soma de vídeos com material desinformativo sobre o tema: 2,4 milhões de visualizações no YouTube (vídeos com mais de 10 mil cliques) e 23,5 milhões de visualizações no Facebook (só os vídeos).

Wasim Syed, da União Pró-Vacina, lembra de um levantamento da Nature que avaliou 100 milhões de contas no Facebook que expressavam alguma posição sobre o assunto. Um alento: “Há mais indecisos (ou sem opinião) sobre as vacinas do que antivacinas radicais, e os pró-vacinas estão em maior número”. Com a pandemia, contudo, “os anti têm ganhado espaço”.

No Facebook Brasil, o movimento se reúne em duas comunidades: “O Lado Obscuro das Vacinas” (14 mil membros) e “VACINAS: O Maior CRIME da História!” (8.500). O tipo de conteúdo compartilhado: militares franceses que teriam dito que “a Covid-19 é uma guerra total contra a população mundial para escravizá-la, controlá-la, esterilizá-la e reduzi-la”.

Administradora do “Lado Obscuro”, Isma de Sousa conta que virou a chave quando seu primogênito adoeceu após um imunizante. Não vacinou a caçula e garante que ela, ao contrário dos dois irmãos, nem gripe pega.

O alvo atual desses grupos é justamente uma vacina contra o coronavírus pandêmico. “Vou preferir adoecer, se for o caso, e aceito a vida e a morte”, afirma Sousa. “Não podemos viver com a falsa ilusão de que sendo vacinado vai sobreviver a tudo.”

Ela não é um ponto fora da curva. Nos EUA, pesquisa do YouGov de julho mostrou que 25% dos americanos não tomariam a vacina, e 28% não tinham certeza. Mesmo antes da pandemia, o medo de imunizantes aparecia numa lista da Organização Mundial da Saúde com as dez grandes ameaças à saúde em 2019.

“Para tomar uma vacina que foi criada a uma velocidade com que nenhuma outra jamais havia sido desenvolvida antes, as pessoas precisam ter certeza que ela é segura, que foi bem testada e que a ciência, e não a política, conduziu o processo”, diz a professora Reich. O que não dá é para ser o fim da picada.

Por Folhapress

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Come acidentalmente algum alimento mofado geralmente não causa problemas; veja o que fazer

“Para a grande maioria das pessoas, desde que o sistema imunológico e intestinal estejam saudáveis e intactos, consumir acidentalmente um pouco de bolor não causa grandes problemas”, começa Christine Lee.

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Às vezes, sem perceber, acabamos consumindo bolores em alimentos como pão ou queijo. Mas será que isso representa algum risco para nossa saúde? Um gastroenterologista compartilhou com o site USA Today o que está em jogo.

“Para a grande maioria das pessoas, desde que o sistema imunológico e intestinal estejam saudáveis e intactos, consumir acidentalmente um pouco de bolor não causa grandes problemas”, começa Christine Lee.

Tudo depende da quantidade. Se for significativa, pode resultar em indigestão, cólicas, diarreia ou náuseas, o que, na verdade, pode ser uma reação protetora do corpo para se livrar do agente estranho.

Se você perceber que consumiu bolor acidentalmente, o melhor a fazer é descansar e se hidratar, recomenda a especialista. Apesar de muitas pessoas não apresentarem reações ao consumir alimentos mofados, isso não é seguro.

“Pode levar a outros tipos de infecções, como as bacterianas, que causarão outros problemas. É uma boa ideia evitá-los completamente e não se colocar em perigo ou correr riscos desnecessários”.

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Pode fazer exame genético para diagnóstico de autismo? especialista explica

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A neuropediatra especialista em autismo, Caroline Teles, explica:

“Pode e não pode… Te explico:

O diagnóstico de autismo é clínico, e realizado de acordo com os critérios da quinta edição do manual de saúde mental, o DSM-V.

O exame genético, ainda que você possua algum dos mais de 100 genes envolvidos no autismo, não fecha nenhum diagnóstico se você não possuir sinais clínicos – assim como a falta desses genes também não descarta o transtorno.

Quando realizar então?

O exame genético será útil para aquele paciente que suspeitamos que possa haver alguma síndrome associada.

Esse diagnóstico promove um aconselhamento genético mais adequado para a família, esclarecimento do risco para as futuras gerações, além da possibilidade de identificar outras síndromes associadas.

Ou seja, os exames genéticos não nos auxiliaram no diagnóstico do autismo, que é clínico. Porém eles poderão complementar a nossa avaliação em suspeitas de síndromes ou na necessidade de um aconselhamento genético”.

Dra. Caroline Teles
Neuropediatria

           

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Vírus causa morte de cinco bebês na França este ano; médicos em alerta

Trata-se do parvovírus B19, uma doença que, segundo as autoridades francesas, não era tão intensamente registrada há muito tempo e ainda não atingiu seu pico.

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Um novo vírus preocupa as autoridades sanitárias e já causou pelo menos cinco mortes, na França. As vítimas são bebês.

Trata-se do parvovírus B19, uma doença que, segundo as autoridades francesas, não era tão intensamente registrada há muito tempo e ainda não atingiu seu pico.

O parvovírus B19, da família parvoviridae, é frequentemente transmitido por via respiratória. Geralmente causa formas assintomáticas da doença, mas também pode resultar no eritema infeccioso, conhecido como a “quinta doença” por ser a quinta infecção viral – juntamente com sarampo, rubéola, varicela e roséola – a causar erupção cutânea em crianças.

Existem formas graves em pessoas imunocomprometidas e com anemia crônica, além de mulheres grávidas, pois o vírus pode causar abortos espontâneos e representar um risco de edema feto-placentário grave, conforme relatado pelo Le Parisien.

No verão passado, as autoridades de saúde foram alertadas para “um número incomum de hospitalizações pediátricas graves” no Hospital Necker, em Paris.

Desde então, nos primeiros três meses deste ano, já foram registradas cinco mortes de bebês com menos de um ano de idade, sendo quatro delas “nos primeiros dias de vida” devido à infecção transmitida pela mãe.

Esses números são considerados “inusitadamente altos” e chamam a atenção das autoridades sanitárias francesas.

De acordo com o Le Parisien, nos cinco anos anteriores à Covid-19, ocorriam apenas duas mortes por ano devido a esse vírus, o que torna preocupante o registro de cinco mortes em apenas três meses.

O diagnóstico de uma infecção por parvovírus B19 sem teste é complicado, pois se trata de uma erupção cutânea viral com algumas características típicas, que nem sempre estão presentes, esclarece o especialista em clínica geral, Michaël Rochoy. Ele recomenda que, em casos de suspeita de sarampo com teste negativo, se consulte um serviço especializado em caso de diminuição dos movimentos ativos do feto.

Foto  Wikimedia Commons

Por Notícias ao Minuto

           

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