A atriz Carolina Dieckmmann, no ar no remake da novela Vale Tudo, da TV Globo, usou as redes sociais esta semana para denunciar o uso indevido de uma foto adulterada. Na imagem, sua cintura aparece fina de forma exagerada, que gerou comentários e até mesmo críticas à aparência da artista. Segundo especialistas, esse tipo de postagem pode ter impactos muito mais profundos.
Manipulação
Depois que a imagem começou a circular nas redes, a atriz se manifestou. “Que horror, essa pessoa mexeu na foto para ganhar clicks e ninguém reparou?”, criticou. A questão vai além do puro engajamento: a manipulação de imagens pode gerar problemas à saúde emocional das pessoas retratadas e de quem as consome.
A psicóloga Mariane Pires Marchetti, especialista em ansiedade e autoestima, explica que esse tipo de edição “cria uma imagem completamente distorcida do que é um corpo real”. Segundo ela, o cérebro tende a comparar automaticamente o que vê com o próprio corpo, ainda que de forma inconsciente.
“Isso pode gerar uma sensação constante de inadequação e a ideia de que nunca se é suficiente”, afirmou. A longo prazo, esse processo pode desencadear restrição alimentar, compulsão ou exagero em exercícios físicos na tentativa de atingir um padrão inexistente.
Para quem já tem uma relação frágil com a própria imagem, o impacto é ainda maior. “Essas fotos reforçam a crença de que o valor pessoal está ligado à aparência física. No fundo, o que está em jogo é o quanto essas imagens corroem a autenticidade e a autoaceitação, o que tem um impacto emocional muito profundo”, completou Mariane.
Saúde mental
O médico Iago Fernandes, especialista em saúde mental, alertou que imagens que exaltam corpos muito magros ou irrealistas “criam ideais de magreza inalcançáveis ou só alcançáveis de forma pouco saudável”. Ele ressaltou que essa comparação constante pode gerar frustração, culpa e sentimento de inferioridade, aumentando o risco de transtornos como anorexia, compulsão alimentar e até o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).
“Quando a pessoa passa a enxergar defeitos que não existem, checar o corpo o tempo todo ou recorrer a edições de forma compulsiva, isso pode evoluir para um quadro psiquiátrico”, explicou o médico.
Além dos riscos emocionais, há um reforço perigoso de comportamentos que priorizam a imagem editada em detrimento da real. “As curtidas e os elogios em fotos alteradas reforçam a ideia de que a aparência vale mais que a autenticidade. Isso cria um ciclo de dependência da aprovação externa e afasta as pessoas de uma relação saudável com o próprio corpo”, disse.

