Conecte-se Conosco

Educação

Índices de aprendizagem revelam desigualdade; veja ‘ranking’ por redes, localização e perfil de alunos

Publicado

em

Resultados da Prova Brasil, aplicada para 5,4 milhões de estudantes, mostram que 7 de cada 10 alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática.

A avaliação que mostrou que 70% dos alunos do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática também revelou que há disparidades quando comparadas as proficiências das redes pública x privada, das escolas rurais x urbanas e ainda segundo o perfil socioeconômico dos alunos. Antes delas, a primeira diferença é a realidade de 15 estados, grupo que apresentou piora no desempenho em alguma das provas aplicadas pelo Sistema de Avaliação da Educação Brasileira (Saeb), do Ministério da Educação (MEC).

Pela primeira vez o Ministério da Educação definiu uma escala de proficiência a partir das notas. As pontuações representam níveis que revelam se a aprendizagem dos alunos está em um estágio inadequado, básico ou adequado. No 3º ano do ensino médio em matemática, por exemplo, pontuações entre 225 e 300 estão no nível inadequado de aprendizagem. O básico representa desempenho entre 300 e 375 pontos. Para atingir o que é considerado adequado é necessário ter entre 375 e 400 pontos.

Durante a apresentação dos dados na quinta-feira (30), o ministro da Educação, Rossieli Soares, disse que não é possível apontar uma única condição que influencia a aprendizagem e justifica a desigualdade. “Então, este é um desafio, porque a gente precisa garantir a esses alunos a mesma aprendizagem, a mesma qualidade”, disse.

Veja alguns destaques:

  • Mais da metade das unidades federativas apresentou piora de performance em pelo menos uma das avaliações aplicadas, na comparação com levantamentos anteriores. Esses estados estão espalhados por todas as regiões do Brasil, mas se concentram mais no Nordeste e no Norte. São eles AM, AP, BA, DF, MA, MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RN, RR, SC e SP.
  • No Amazonas estão as maiores diferenças de desempenho entre alunos da zona rural e da zona urbana. Isso significa que um aluno que estude em uma região urbana, no Amazonas, aprende muito mais que aquele que, apesar de estar no mesmo estado, encontra-se no campo — uma média de 35 pontos de diferença.
  • Considerando o desempenho dos alunos do ensino médio, o estado do Piauí é o que tem a maior desigualdade de desempenho entre alunos de escolas públicas (estaduais e municipais) e privadas: uma média de 80 pontos.
  • O estado de Goiás é o único que apresentou melhora em todas as provas realizadas em relação a 2015, e teve desempenho acima da média também em todas as avaliações. É também o estado com a menor variação de performance entre alunos das redes pública e privada: média de 40 pontos.
  • O estado do Ceará também é listado como um dos menos desiguais quando comparados os desempenhos de alunos de escolas públicas e privadas e dos mais ricos com os mais pobres.

Abaixo, separamos, por série (5º ano e 9º ano do ensino fundamental, e 3º ano do ensino médio), quais estados apresentam as maiores desigualdades:

5º ano – ensino fundamental

ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS

No Brasil, na prova de português, a média obtida pelas escolas públicas foi de 209,13 pontos e, nas particulares, 241,62 – uma diferença de 32,49 pontos. Já na de matemática, a disparidade é ainda maior: de 33,29 pontos (as públicas alcançaram média de 218,56 pontos e as privadas, 251,82).

Embora as médias das escolas particulares em português no 5º ano do ensino fundamental sejam mais altas se comparadas às do ensino público, elas também não atingem o nível de proficiência considerado adequado, segundo a escala definida pelo MEC.

Nesta etapa, para que o aprendizado seja considerado adequado em português, os alunos precisariam ter desempenho de pelo menos 275 pontos. Nenhum estado atingiu este indicador.

Em português, o Amapá, na região norte, com 55,08 pontos (públicas com 180,95 e particulares com 236,03). Em matemática, a maior diferença também foi no estado do Amapá51,59 pontos (estaduais/municipais com 188,1 pontos, e as pagas apresentaram desempenho médio de 239,69).

5º ano – média de pontos em português

ESTADOS Públicas Privadas Diferença
Amapá 180,95 236,03 55,08
Sergipe 181,85 231,39 49,54
Maranhão 177,97 226,84 48,87
Rio Grande do Norte 184,84 233,07 48,23
Pará 184,23 231,48 47,25
Tocantins 200,66 247,14 46,48
Paraíba 189,07 233,7 44,63
Piauí 193,92 237,13 43,21
Espírito Santo 214,09 257,06 42,97
Roraima 198,97 241,41 42,44
Amazonas 199,1 240,42 41,32
Mato Grosso 205,59 246,18 40,59
Minas Gerais 223 263,54 40,54
Bahia 190,52 230,92 40,4
Alagoas 189,26 228,73 39,47
Mato Grosso do Sul 212,14 248,51 36,37
Rio Grande do Sul 213,19 249,5 36,31
Acre 214,12 249,31 35,19
Pernambuco 192,66 226,91 34,25
Rondônia 209,95 242,93 32,98
Santa Catarina 224,87 256,73 31,86
Rio de Janeiro 209,4 237,78 28,38
Distrito Federal 220,24 246,95 26,71
São Paulo 225,75 249,94 24,19
Goiás 215,93 239,02 23,09
Paraná 225,62 246,47 20,85
Ceará 217,9 231,22 13,32
Brasil 209,13 241,62 32,49

ZONA URBANA E ZONA RURAL

Em nível nacional, na prova de português, há uma diferença média de 30,42 pontos no desempenho médio de estudantes de áreas urbanas (217,96) e rurais (187,54). E, em matemática, a disparidade é um pouco menor, de 28,69 pontos(227,33 de urbanas e 198,64 de rurais).

Nos estados:

  • Em português, a maior diferença de resultado entre quem mora na zona urbana e na zona rural foi registrada no estado do Amazonas, no norte do Brasil: 41,62 pontos. Na cidade, média de 208,5 pontos e, no campo, 166,88.
  • Em matemática, Amazonas, no norte do país, também é o estado com a maior disparidade, com 37,86 pontos. No meio urbano, desempenho médio de 217,06 e, no meio rural, 179,2.

MAIS RICOS E MAIS POBRES

No Brasil como um todo, na prova de português, os estudantes das regiões mais ricas apresentaram desempenho médio 55 pontos maior do que os que residem nas localidades mais pobres (183 pontos dos mais humildes e 238 dos mais abastados). A diferença de 55 pontos também é vista em matemática. Só que, nesta disciplina, quem participou da prova teve desempenho melhor (ricos com 249 pontos e, os mais pobres, com 194).

Nos estados:

  • Em portuguêsAmazonas foi o estado que apresentou a maior desigualdade, com 59 pontos. Os mais ricos tiveram desempenho médio de 228 pontos, e os mais pobres, de 169.
  • Roraima, também na região norte, é o estado com maior diferença de desempenho na prova de matemática54 pontos. Mais ricos com média de 245 pontos, e os mais pobres, 191 pontos.

9º ano – ensino fundamental

ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS

No Brasil, na prova de português, os alunos das escolas públicas apresentaram desempenho de 251,58 pontos; já os das particulares alcançaram média de 293,81 — uma diferença de 42,23 pontos. Em matemática, a disparidade é mais acentuada ainda: de 52,54 pontos. Quem frequenta escolas pagas teve média de desempenho de 302,47 pontos e quem é de escolas municipais e estaduais apresentou média de 249,93.

Nos estados:

  • Amapá é o estado com a maior desigualdade no desempenho entre alunos de escolas públicas e privadas na prova de português54,34 pontos. Nas escolas municipais e estaduais, média de desempenho de 230,78 pontos; nas pagas, de 285,12.
  • Já na prova de matemática, a maior desigualdade de desempenho foi registrada em Minas Gerais, único estado do sudeste que aparece nestes ‘rankings’: 68,56 pontos. Nas escolas públicas, desempenho médio de 257,41 e, nas privadas, de 325,97 pontos.

ZONA URBANA E ZONA RURAL

Em nível nacional, a diferença de desempenho na prova de português entre quem é do perímetro urbano e quem mora em área rural é de 24,8 pontos (nota média de 235,93 pontos no campo e de 260,73 nas cidades). Na prova de matemática, disparidade semelhante, de 24,94 pontos (rural com 235,82 e urbano com 260,76).

Nos estados:

  • Em português, a maior desigualdade foi registrada no estado do Amazonas, norte do país, com 36,94 pontos. No meio urbano, o desempenho médio foi de 257,46 pontos e, no rural, de 220,52 pontos.
  • Em matemática, o Amazonas aparece de novo como o estado com maior disparidade de desempenho entre quem é do campo e da cidade: 31,24 pontos (249,25 pontos obtidos no meio urbano, e 218,01 no meio rural).

MAIS RICOS E MAIS POBRES

Olhando para o Brasil como um todo, na prova de português, quem mora nas regiões mais ricas conseguiu apresentar desempenho 44 pontos maior na comparação com quem é das áreas mais pobres. Os mais abastados alcançaram média de 279 pontos, e os mais humildes não ultrapassaram os 235. Já em matemáticadiferença ainda maior, de 50 pontos. Os mais ricos tiveram média de 284 pontos, e os mais pobres ficaram com 234.

Nos estados:

  • Na prova de português, o Amazonas, na região norte, foi o estado com a maior desigualdade no desempenho: 50 pontos. Os mais ricos ficaram com 270 pontos, e os mais pobres com apenas 220.
  • Em matemática, a maior diferença também foi de 50 pontos, mas foi registrada no Distrito Federal, no centro-oeste. Os mais humildes chegaram aos 247 pontos apenas, e os mais ricos alcançaram a marca dos 297.

9º ano – média de pontos (perfil socioeconômico)

ESTADOS Ricos Pobres Diferença
Distrito Federal 297 247 50
São Paulo 294 245 49
Rio de Janeiro 291 244 47
Amazonas 262 218 44
Minas Gerais 287 243 44
Piauí 274 230 44
Roraima 268 225 43
Tocantins 282 240 42
Maranhão 247 209 38
Rio Grande do Sul 290 253 37
Alagoas 270 234 36
Rio Grande do Norte 264 228 36
Espírito Santo 291 256 35
Santa Catarina 290 255 35
Mato Grosso 271 237 34
Pará 250 216 34
Amapá 248 215 33
Mato Grosso do Sul 282 250 32
Bahia 256 225 31
Paraná 284 253 31
Acre 267 237 30
Paraíba 259 230 29
Sergipe 266 237 29
Pernambuco 262 238 24
Goiás 280 258 22
Rondônia 270 254 16
Ceará 269 255 14
Brasil 284 234 50

3º ano – ensino médio

ESCOLAS PÚBLICAS (ESTADUAIS/MUNICIPAIS) E PRIVADAS

No Brasil, na prova de português, a média obtida pelas escolas públicas foi de 259,45 pontos e, nas particulares, 314,75 — uma diferença considerável de 55,3pontos. Já na de matemática, a disparidade chama ainda mais atenção: é de 70,09 pontos (as públicas alcançaram média de 259,39 pontos, e as privadas, de 329,48).

Nos estados:

  • Em português, o estado com a maior desigualdade no desempenho é o Piauí, na região nordeste, com 74,44 pontos. Os candidatos de escolas públicas apresentaram média de 246,08 pontos e os de escolas particulares ficaram com 320,52.
  • Em matemáticadiferença ainda mais considerável foi registrada no mesmo estado, Piauí, no nordeste: 86,79 pontos. Quem é de escolas pagas teve resultado médio de 336,32, e quem é das públicas foi avaliado, na média, com 249,53 pontos.

ZONA URBANA E ZONA RURAL

Em nível nacional, na prova de português23,96 pontos de diferença no desempenho de quem é do meio urbano e do meio rural. A média de quem é do campo foi de 244,49 pontos e, da cidade, de 268,45. Já olhando para matemática, a disparidade é semelhante, de 23,34 pontos (rural com 247,23 e urbano com 270,57).

Nos estados:

  • Em portuguêsAmazonas, na região norte, é, mais uma vez, o estado com a maior desigualdade35,54 pontos. Quem é do campo teve desempenho médio de 218,86 pontos e, no âmbito urbano, a nota obtida foi 254,4.
  • Em matemática, a maior diferença foi registrada no mesmo estado, Amazonas — mas é um pouco mais tímida: 29,58 pontos. O meio rural alcançou desempenho médio de 221,31 e, no meio urbano, a nota alcançada foi 250,89.

3º ano – média de pontos em português

ESTADOS Urbanas Rurais Diferença
Amazonas 254,4 218,86 35,54
Rio Grande do Norte 253,77 224,42 29,35
Rio Grande do Sul 279,24 251,53 27,71
Piauí 257,94 230,29 27,65
Mato Grosso do Sul 273,6 248,26 25,34
Maranhão 254,07 229,52 24,55
Paraíba 259,16 235,56 23,6
Sergipe 266,41 242,86 23,55
Tocantins 261,26 238,93 22,33
Roraima 255,32 235,23 20,09
Amapá 253,52 235,11 18,41
Minas Gerais 275,86 257,73 18,13
Mato Grosso 263,2 247,14 16,06
Rondônia 268,33 253,88 14,45
Santa Catarina 275,22 260,78 14,44
Pernambuco 269,36 255,27 14,09
Paraná 274,82 260,83 13,99
Bahia 249,57 236,38 13,19
Rio de Janeiro 274,48 261,51 12,97
Alagoas 256,6 245,5 11,1
Pará 245,23 235,46 9,77
Acre 264,45 255,02 9,43
Ceará 266,28 256,9 9,38
São Paulo 274,06 266,97 7,09
Goiás 276,26 270 6,26
Distrito Federal 278,44 272,25 6,19
Espírito Santo 283,72 281,81 1,91
Brasil 268,45 244,49 23,96

MAIS RICOS E MAIS POBRES

No Brasil, na prova de português43 pontos separam a média obtida pelos que moram nas regiões mais ricas do país (que conseguiram 298 pontos) e os que residem nas áreas consideradas mais pobres (com 255 pontos). Na de matemática, a disparidade foi maior, de 52 pontos (mais humildes com 255 pontos e os que têm mais dinheiro conseguiram 307).

Nos estados:

  • Na prova de portuguêsdiferença de 74 pontos entre o desempenho dos mais ricos (que alcançaram os 329 pontos) e dos mais pobres (que não ultrapassaram os 255). Ela foi registrada no Distrito Federal, na região centro-oeste.
  • Já na de matemática101 pontos separam as médias obtidas pelos mais ricos (de 357 pontos) e pelos mais pobres (256). Onde foi registrada a maior desigualdade, considerando todos os estados brasileiros? Também no Distrito Federal, no centro-oeste.

Por Gessyca Rocha e Rafael Ihara, G1

 

Educação

Professores concursados em escolas estaduais diminuem em dez anos

Publicado

em

O número de professores concursados nas escolas estaduais do país chegou ao menor patamar dos últimos dez anos em 2023. Enquanto diminuem os concursados, aumentam os contratos temporários, que já são maioria nessas redes. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e fazem parte de estudo inédito do movimento Todos Pela Educação, divulgado nesta quinta-feira (25).

O número de professores concursados passou de 505 mil em 2013, o que representava 68,4% do total de docentes nas redes estaduais, para 321 mil em 2023, ou 46,5% do total. Já os contratos temporários superaram os efetivos em 2022 e, em 2023 chegaram aos 356 mil, representando 51,6% do total de contratações. Em 2013, eram 230 mil, o equivalente a 31,1% do total.

Brasília (DF) 25/04/2024 - O número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos
Fonte Saeb/Divulgação
Brasília – Número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos – Fonte Saeb/Divulgação

Não há uma legislação específica que limite o número de contratos temporários, nem há penalidades previstas aos estados. Mas, o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, que estabelece metas e estratégias para todas as etapas de ensino e a valorização do setor, prevê que pelo menos 90% dos professores das escolas públicas tenham cargos efetivos. Essa estratégia deveria ter sido cumprida até 2017.

“Em tese, o ideal é que você consiga suprir todo o seu quadro com professores efetivos. E a figura do professor temporário é para suprir eventual ausência. Então, por exemplo, um professor vai trabalhar na secretaria, você precisa de um professor temporário para cumprir aquela carga horária. Ou ele foi afastado, readaptado, a gente sabe que acontece esse tipo de coisa, né?”, diz o gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo. “Professores temporários são super importantes para suprir o quadro, para garantir que os alunos tenham aula com profissionais com formação adequada, mas esse artifício da contratação temporária deveria ser exceção à regra”, defende.

Segundo Gontijo, o estudo mostra que o que deveria ser exceção tem se tornado regra nas redes estaduais. Essas redes são responsáveis pela oferta de ensino médio e dos anos finais do ensino fundamental, etapa que vai do 6º ao 9º ano. As contratações temporárias, além de causar impacto nas condições de trabalho dos professores, por exemplo, com vínculos mais instáveis e salários geralmente inferiores aos professores efetivos, podem ainda, de acordo com a publicação, interferir na aprendizagem dos estudantes.

Contratações no país

A proporção de docentes temporários e efetivos varia de acordo com a unidade federativa do país. No ano passado, 15 dessas unidades tinham mais professores temporários que efetivos e, ao longo da década, 16 aumentaram o número de professores temporários e diminuíram o quadro de concursados.

Brasília (DF) 25/04/2024 - O número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos
Fonte Saeb/Divulgação
Brasília – Número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos – Fonte Saeb/Divulgação

Em relação ao perfil desses professores, o estudo mostra que a média de idade dos profissionais temporários é de 40 anos. Entre os efetivos é 46 anos. Além disso, quase metade (43,6%) dos temporários atua há pelo menos 11 anos como professor, o que conforme a pesquisa, indica que esse tipo de contratação tem sido utilizada não apenas para suprir uma demanda pontual, mas também para compor o corpo docente fixo de algumas redes de ensino.

Valorização docente

A pesquisa destaca que três aspectos podem explicar os possíveis impactos negativos de professores temporários sobre os resultados dos estudantes. O primeiro deles é a alta rotatividade docente, que pode prejudicar o vínculo com a comunidade escolar e o efetivo desenvolvimento dos estudantes. Além disso, os processos seletivos utilizados pelas redes de ensino, nem sempre tão rigorosos quanto os concursos públicos, também impactam na qualidade do ensino. Por fim, a pesquisa aponta as condições de trabalho dos professores, que podem ser piores que a dos efetivos.

“Essa é uma pauta muito ligada à valorização docente. Se a gente, como país, quer valorizar os professores, não dá para admitir alguns cenários. Como um país que quer valorizar seus professores está dando condições de trabalho mais desafiadoras e vínculos de trabalho mais frágeis? Por isso que é importante a gente avançar numa agenda de solução desses problemas”, diz Gontijo.

Em 15 redes de ensino, o estudo mostra que o salário dos professores temporários, calculados por hora, é menor que o de professores efetivos em início de carreira, chegando a uma diferença de até 140%, no caso de Pernambuco. Nas outras dez redes analisadas, não há diferença.

Brasília (DF) 25/04/2024 - O número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos
Fonte Saeb/Divulgação
Brasília – Número de professores concursados nas escolas estaduais é o menor dos últimos dez anos – Fonte Saeb/Divulgação

Aprendizagem

O estudo mostra ainda possíveis impactos na aprendizagem dos estudantes. A pesquisa utiliza os dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que medem o desempenho dos estudantes em matemática e língua portuguesa, do 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, etapas que ficam a cargo das redes estaduais.

Em 2019, quando resultados de aprendizagem ainda não tinham sido impactados pela pandemia, os estudantes que tiveram professores temporários no 9º ano obtiveram nota, em média, 3,1 pontos menor em matemática do que os estudantes que tiveram aulas com docentes efetivos. No ensino médio, em 2019, os estudantes que tiveram aulas com professores temporários obtiveram nota, em média, 5,5 pontos menor em matemática e 5,6 pontos menor em língua portuguesa do que os estudantes que tiveram aulas com docentes efetivos.

Os pesquisadores, no entanto, fazem uma ressalva: “É importante frisar que essa análise precisa ser observada com cautela. Ela pode ter vieses, uma vez que outras variáveis não consideradas podem impactar o regime de contratação e a proficiência dos estudantes”, diz o texto.

“Tem uma coisa muito importante na educação, que é a criação de vínculos. A gente precisa disso para uma educação de qualidade. Então, o professor conseguir construir bom vínculo com o aluno, conseguir ter carga horária fixa de 40 horas em uma mesma escola, para ele ter tempo para conhecer os estudantes, trabalhar de forma mais aprofundada. Os professores temporários, em média, têm rotatividade muito maior, porque são temporários e trabalham em mais escolas também”, diz Gontijo.

Desafios

As contratações temporárias dão mais flexibilidade e são menos custosas para os entes federados do que as contratações efetivas, mas elas têm também impactos, tanto para os docentes quanto para os estudantes. Gontijo defende que garantir que concursos públicos sejam feitos de maneira adequada é papel não apenas dos estados e municípios, mas também do governo federal. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394/1996, prevê que a União “prestará assistência técnica aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos profissionais da educação”.

“Também há uma agenda do governo federal, que é como o governo federal pode ajudar as redes municipais e estaduais a fazerem mais concursos. Isso, inclusive, está previsto na LDB, que diz que o governo federal deve ajudar as redes de ensino nos processos de ingresso, porque sozinha as redes não estão conseguindo fazer concursos com o tamanho e a frequência adequados. Então, o governo federal tem um papel aqui também de apoiar as redes nos concursos públicos, para ter mais concurso público”, afirma.

Fonte: Agência Brasil

 

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo

Educação

Sistema nacional reunirá informações sobre violência escolar

Publicado

em

Oito meses após a sanção da Lei 14.643/2023, o governo federal iniciou a regulamentação do Sistema Nacional de Acompanhamento e Combate à Violência nas Escolas (Snave) para ampliar a capacidade das ações de prevenção e resposta nos municípios, estados e Distrito Federal. A ferramenta deverá reunir informações que possam auxiliar o sistema educacional no enfrentamento ao problema.

O decreto publicado nesta quinta-feira (25), no Diário Oficial da União, reúne orientações para operacionalização dos Snave por meio dos Ministérios da Educação, dos Direitos Humanos e Cidadania e da Justiça e Segurança Pública. Entre as medidas a serem adotadas estão a criação de protocolo preventivo, identificação e monitoramento de ameaças; capacitação de profissionais de educação; elaboração de planos de resposta a emergências; e sistematização dos registro de ocorrências e das boas práticas de enfrentamento da violência nas escolas.

O Ministério da Educação será o responsável por implementar as capacitações e desenvolver os protocolos em articulação com os entes federados. Da mesma forma, também prestará orientações sobre as leis que tratam do enfrentamento ao bullying e do atendimento de psicologia e serviço social nas escolas.

A norma sugere que a ferramenta a ser criada integre o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social (Sinesp), existente desde 2012. E junto com a produção e sistematização das informações, também está prevista a prestação de apoio psicossocial às vítimas de violência nas escolas ou em seu entorno, com abordagem multidisciplinar e intersetorialidade conforme a política pública criada em janeiro.

 

Fonte: Agência Brasil

 

 

 

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo

Educação

Escolas de SP terão ‘fluencímetro’, com IA, para avaliar leitura dos alunos

Escolas de SP terão ‘fluencímetro’, com IA, para avaliar leitura dos alunosDe acordo com Feder, as ferramentas tecnológicas estão inseridas nas ações para a meta do governo paulista de alfabetizar 90% dos estudantes do 2º ano até 2026.

Publicado

em

O Governo de São Paulo vai implementar uma ferramenta de inteligência artificial para avaliar a fluência de leitura de alunos do 2º ao 5º ano do ensino fundamental.

A ferramenta foi batizada de “fluencímetro” pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), que fará nesta quarta-feira (24) o anúncio da iniciativa, durante a participação do secretário da Educação, Renato Feder no evento Bett Brasil, em São Paulo, sobre tecnologia e ensino.

Com o “fluencímetro”, o aluno lê um texto, e esse áudio é gravado e analisado pela inteligência artificial. De forma instantânea, o professor recebe a comparação entre o texto original e o que o aluno, de fato, leu. A leitura é classificada, então, considerando também a fluência e o tempo, entre os níveis “abaixo do básico”, “básico”, “adequado” e “avançado”.

O professor, além desse conceito de cada aluno, recebe a comparação dos resultados de toda a turma e a evolução da criança ao longo dos testes. Segundo a pasta primeiras avaliações serão aplicadas nesta semana para alunos do 4º e 5º ano e na próxima para o 2º e 3º ano.

O recurso será oferecido pela plataforma Elefante Letrado, que já está sendo utilizada nas escolas estaduais em um programa de leitura dos anos iniciais do ensino fundamental. O edital de licitação tem uma previsão de gasto do governo de R$ 17,28 milhões, sendo que, dentro desse montante, especificamente para o “fluencímetro”, o valor já pago foi de R$ 6 milhões.

Escolas municipais também poderão utilizar a ferramenta se fizerem uma adesão ao programa.

A plataforma, de acordo com a secretaria, está disponível para 560 mil estudantes matriculados do 1º ao 5º ano do fundamental, nas 1.389 escolas da rede paulista.

De acordo com a Secretaria de Educação, o teste de fluência leitora era feito apenas para alunos do 2º ano, com a utilização da plataforma CAEd (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação), implementada na rede pública paulista com o apoio da Fundação Lemann, da Associação Bem Comum e da Natura.

De acordo com Feder, as ferramentas tecnológicas estão inseridas nas ações para a meta do governo paulista de alfabetizar 90% dos estudantes do 2º ano até 2026.

Atualmente, apenas 40,62% das crianças de escolas públicas de São Paulo chegam ao final do 2º ano, alfabetizadas, segundo o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), a principal avaliação do país. Essa idade, por volta dos sete anos, é a considerada ideal para a alfabetização, e o atraso prejudica toda a trajetória escolar da criança.

Segundo Feder, no entanto, os testes de leitura com o 2º ano já feitos, antes do “fluencímetro”, apontam que 64% dos alunos nessa idade já são leitores fluentes. Agora, ele diz, é preciso garantir esse patamar também para as outras séries.

O avanço do uso da tecnologia e, em especial, da inteligência artificial, pela gestão Tarcísio de Freitas nas escolas estaduais vem sendo alvo de uma série de polêmicas. Na semana passada, o Ministério Público de São Paulo cobrou explicação ao governo sobre o uso da ferramenta ChatGPT, como foi revelado pela Folha de S.Paulo, na produção de aulas digitais que serão distribuídas nas escolas estaduais.

No ano passado, o plano da Secretaria de Educação paulista, que a Folha de S.Paulo também revelou, de substituir os livros didáticos impressos por conteúdo 100% digital foi o maior desgaste do governo Tarcísio na área de educação. Após a forte reação negativa, o governo teve de recuar da decisão.

As escolas estaduais paulistas também já usam a inteligência artificial para corrigir redações.

Feder, que foi empresário da área de tecnologia, defende que as ferramentas tecnológicas devem servir de apoio na educação, como aliadas dos professores, e que não se pode ter preconceito com elas.

Foto Shutterstock

Por Folhapress

           

Seja sempre o primeiro a saber. Baixe os nossos aplicativos gratuito.

Siga-nos em nossas redes sociais FacebookTwitter e InstagramVocê também pode ajudar a fazer o nosso Blog, nos enviando sugestão de pauta, fotos e vídeos para nossa a redação do Blog do Silva Lima por e-mail blogdosilvalima@gmail.com ou WhatsApp (87) 9 9937-6606 ou 9 9155-5555.

Continue lendo
Propaganda

Trending

Fale conosco!!