O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a continuidade do conflito em Gaza e a inércia global na criação de um Estado palestino. A declaração foi feita neste sábado, durante a cerimônia em que recebeu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya.
“As comunidades universitárias em todo o mundo têm elevado suas vozes contra a brutalidade do genocídio em Gaza e contra a inércia moral que impede até hoje que o Estado Palestino seja criado. Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade”, discursou o presidente.
Lula também se manifestou contra o uso de tarifas no comércio internacional como ferramenta de coerção. “Nações que não se dobram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”, afirmou, sem citar nomes.
Ao defender o multilateralismo e a necessidade de mudanças nas organizações internacionais, o presidente Lula destacou o papel do Sul Global no cenário internacional pela justiça e pela superação das desigualdades. “A defesa de uma ordem baseada no diálogo na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas, que sem maior representatividade o Conselho de Segurança seguirá inoperante e incapaz de responder aos desafios do nosso tempo.”
No campo econômico, o presidente brasileiro considera inaceitável a disparidade no poder de voto dentro do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde países ricos detêm nove vezes mais influência que o Sul Global.
Lula enfatizou que o protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) impõem uma situação de assimetria insustentável para o Sul Global. “É a hora de interromper os mecanismos que sustentam há séculos o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes em desenvolvimento.” Para ele, a estrutura financeira mundial deve direcionar recursos para o desenvolvimento sustentável das nações emergentes.
O presidente permanece na Malásia até terça-feira, quando participará de um encontro com empresários da Malásia e da Asean. No domingo, Lula deve se reunir com o presidente dos Estados Unidos, para discutir as tarifas sobre produtos brasileiros importados pelos norte-americanos.

