O futuro das receitas médicas no Brasil aponta para a digitalização. Impulsionada pela pandemia, a prescrição digital ganha força com o objetivo de simplificar processos, aumentar a segurança e rastreabilidade, transformando a prática médica. A projeção é de Rodolfo Chung, CEO de uma plataforma especializada na digitalização de receitas, que acredita que o desafio principal agora é superar barreiras culturais e estruturais, mais do que técnicas.
Especialidades como dermatologia, psiquiatria, endocrinologia, reumatologia e infectologia já despontam nesse cenário, devido à familiaridade dos pacientes com a tecnologia e à complexidade das receitas, que demandam soluções ágeis.
Segundo o executivo, a adoção da prescrição digital atingiu um ponto de inflexão. Apesar de o Brasil ainda estar atrás de outros países, há um movimento crescente para que a prescrição digital se torne o padrão. A recente regulamentação da Anvisa, que permitirá o uso digital para medicamentos controlados, deve acelerar ainda mais essa transição.
Atualmente, estima-se que 35% dos médicos ativos no país já utilizam a ferramenta de prescrição digital. A expectativa é que, em poucos anos, a maioria das receitas no Brasil seja emitida digitalmente, tornando-se o padrão em um futuro próximo.
A tecnologia permite exigir a prescrição médica sem grandes impactos na experiência do paciente. Um exemplo disso é a mudança na regulamentação de medicamentos como a semaglutida, que passaram a ter receita retida. A prescrição digital simplificou o processo, permitindo que pacientes obtenham a receita mesmo à distância, sem a necessidade de comparecer fisicamente ao consultório.
A digitalização da prescrição tem o potencial de otimizar o controle de toda a cadeia sanitária, desde a matéria-prima até a produção e dispensação dos medicamentos. Além disso, a adoção da assinatura digital e dados estruturados tornam o processo mais seguro e ágil para planos de saúde, facilitando a validação antifraude e o reembolso de procedimentos.
Apesar do avanço, a prescrição digital ainda enfrenta desafios. Há uma diferença de maturidade digital entre as regiões do país, com a adoção mais concentrada em grandes centros e áreas metropolitanas. A democratização do acesso à prescrição digital, especialmente nas regiões e classes sociais menos favorecidas, é um objetivo a ser alcançado.
