Nesta terça-feira, os 15 clubes filiados à Primeira Liga se reuniram no Rio e do encontrou saiu um documento denominado “Dez propostas para mudanças na CBF”
Se há dois anos e meio os jogadores brasileiros se uniram para a criação do Bom Senso FC, lançando uma série de reivindicações à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), agora chegou a vez de os clubes seguirem o mesmo caminho. Nesta terça-feira, os 15 clubes filiados à Primeira Liga se reuniram no Rio e do encontrou saiu um documento denominado “Dez propostas para mudanças na CBF”.
As propostas vão da fixação de um teto salarial para o presidente da CBF até a venda “imediata” do avião da entidade. Mas o ponto que mais chama atenção é o item oito: “Reconhecimento do direito dos clubes criarem a liga nacional para a gestão das duas principais séries do futebol brasileiro a partir de 2017”.
A união dos principais clubes do Sul e de Minas Gerais com Flamengo e Fluminense deu origem à Primeira Liga, que tinha como intuito inicial organizar um torneio regional. A Copa Sul-Minas-Rio sofreu para sair do papel este ano, mas os clubes já se mostram empolgados em dar um passo ainda maior. Ainda em queda de braço com a CBF, eles querem passar a organizar também as Séries A e B do Brasileirão.
Com a CBF em meio à maior crise institucional da sua história, com o presidente eleito Marco Polo Del Nero afastado por suspeita de corrupção – denúncias que também recaem sobre seus dois antecessores – a Primeira Liga quer moralizar o futebol brasileiro. Para isso, lista, entre as mudanças, a “contratação imediata de uma empresa de auditoria para análise de todos os negócios e contratos da CBF”.
Os clubes também exigem que políticos com mandato eletivo ou que ocupem cargos públicos sejam proibidos de assumir posições dentro da CBF, além de cobrarem a “definição de critérios rigorosos de ética na análise da elegibilidade de concorrentes a cargos eletivos e da admissibilidade no provimento dos cargos executivos e técnicos”.
Do ponto de vista eleitoral, a Primeira Liga quer que os clubes das Séries A e B tenham direito a participar das assembleias administrativas e que os candidatos a presidente precisem do apoio de apenas cinco entidades, entre clubes e federações.
Fazem parte da Primeira Liga atualmente: Inter, Grêmio, Paraná, Atlético-PR, Coritiba, Figueirense, Avaí, Criciúma, Chapecoense, Joinville, Flamengo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG.
Confira as propostas da Primeira Liga:
1. Sistema eleitoral. Candidatos à presidente necessitariam do apoio de 5 entidades, entre clubes e federações, para inscrição no processo eleitoral.
2. Transparência. Contratação imediata de uma empresa de auditoria (big four) para análise de todos os negócios e contratos da CBF a fim de apurar as suspeitas de corrupção.
3. Proibição de cumulação de cargos. Impossibilidade de detentores de mandato eletivo e ocupantes de cargos na administração pública, federações e clubes de participarem da Presidência e Diretoria da CBF.
4. Apoio ao futebol. Venda imediata do avião da CBF e destinação dos recursos arrecadados a um fundo de desenvolvimento do futebol.
5. Política salarial. Proibição quanto a fixação do salário de presidente pelo próprio presidente, definição da remuneração por empresa independente e publicação de salário da presidência e diretoria.
6. Legalidade. Reconhecimento do direito dos clubes da série A e B de participarem da assembleia administrativa da CBF, segundo o disposto na Lei 13.155
7. Ética. Criação de um conselho de ética formando por pessoas independentes e reconhecidas nacionalmente por suas posturas profissionais, com ampla liberdade de investigação.
8. Liga. Reconhecimento do direito dos clubes criarem a liga nacional para a gestão das duas principais séries do futebol brasileiro a partir de 2017.
9. Gestão. Definição de critérios rigorosos de ética na análise da elegibilidade de concorrentes a cargos eletivos e da admissibilidade no provimento dos cargos executivos e técnicos.
10. Compras e patrocínios. Adoção de manual de procedimentos para a compra de produtos ou serviços, bem como para a negociação de patrocínios, que estimulem a competição e a transparência.
Com informações do Estadão Conteúdo.