Um professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) foi homenageado pela Fundação Bunge, em reconhecimento a mais de duas décadas de dedicação ao estudo do impacto do risco climático na produção de alimentos. Thieres George Freire da Silva, agrônomo e doutor em agrometeorologia, teve sua trajetória de pesquisa laureada em um evento que celebrou cientistas que atuam na linha de frente da emergência climática e que contribuem para o avanço da ciência no Brasil.
O trabalho de Thieres se concentra na gestão do risco climático, no gerenciamento dos recursos hídricos e na aplicação de tecnologias para o desenvolvimento de sistemas de alerta para o setor agropecuário. Inspirado por sua cidade natal, Petrolina, no sertão pernambucano, e pela profissão de seu pai e tio, ambos agricultores, o pesquisador já acumula cerca de mil produções científicas.
A pesquisa do pernambucano busca identificar, analisar e debater maneiras de minimizar o impacto do clima na produção de alimentos, especialmente no semiárido brasileiro. Thieres defende a importância de “avaliar sistemas agroalimentares mais adequados para sustentar mudanças climáticas adversas”. Ele explica que a irregularidade das chuvas, com períodos de intensidade e escassez, tem dificultado a produção de alimentos em quantidade e qualidade suficientes.
“Tanto o excesso de água quanto a falta prejudicam a atividade agrícola. A ciência tem mostrado que o número de eventos de excesso de chuvas tem aumentado e promovido a morte da população, dos rebanhos e danificado vários cultivos agrícolas”, afirma.
Seus estudos avaliam manejos como o uso mínimo de irrigação, o plantio direto, a orientação de cultivo e o uso de adubos naturais. Thieres também busca sistemas resilientes e inteligentes que possam superar as adversidades climáticas.
Apesar de iniciativas governamentais como o Garantia-Safra, o pesquisador acredita que ainda há um longo caminho a ser percorrido para disseminar tecnologias e ferramentas existentes para o produtor rural. “A gente precisa sistematizar essas ferramentas. Essa informação não é de forma generalizada e falta política pública para incentivar o produtor. Na prática, ainda tem muito a evoluir”, avalia.
Atualmente, o pesquisador integra a equipe do Ministério da Agricultura e Pecuária, atuando com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) e com a coordenação de ações para a cultura da palma.

