O bloco de oposição no Recife anda, hoje, a reboque do PT, dependendo da decisão que o partido tomará quanto à tese da candidatura própria. Se Marília Arraes for de fato confirmada no páreo, os pré-candidatos Daniel Coelho (Cidadania) e Mendonça Filho (DEM) serão obrigados a materializar o acordo previamente acertado, de um abrir para o outro. Caso o PT se componha com o PSB, descartando Marília, a oposição terá que adotar a estratégia das múltiplas candidaturas para forçar o segundo turno.
Neste cenário, Mendonça e Daniel disputam em faixa própria e contam também com a candidatura da delegada Patrícia Domingos, do Podemos, para garantir o segundo turno. Quem fizer a melhor campanha e cair no gosto popular galvanizando o sentimento de mudança que será posto nas ruas pela sociedade tem passaporte carimbado para o segundo turno com o apoio dos demais.
Isso, claro, raciocinando com a hipótese de que o pré-candidato do PSB, João Campos, tem lugar garantido na batalha final, não pela densidade eleitoral nem ser imbatível, mas pela força das duas máquinas que moerão em seu favor: a do Estado e a da Prefeitura do Recife, ambas nas mãos de aliados socialistas, o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Júlio, respectivamente.
Ainda sobre o cenário de Marília candidata, mesmo a oposição construindo uma só candidatura entre Mendonça e Daniel, as chances da eleição ser polarizada entre a petista e João são muito grandes, reduzindo também o poder de fogo da delegada Patrícia Domingos, vista como uma azarona. Esta polarização tem um ingrediente pelo meio que merece outra reflexão: o comportamento do grupo petista de Humberto Costa e dele próprio ao longo da campanha.
Dá para acreditar? – Quanto a isso, Humberto garante que se a direção nacional do PT fechar pela candidatura de Marília fará a campanha dela, descartando qualquer possibilidade de cruzar os braços ou adotar a postura do corpo mole. Resta saber se o seu grupo, que detém 400 cargos no Estado e na Prefeitura do Recife seguirá a mesma cartilha, não conspirando contra a petista e pedindo às escondidas voto para João Campos. “Não temos tradição de corpo mole, não é do nosso feitio”, antecipa Humberto, adiantando que vai trabalhar até o fim pela manutenção da aliança do PT com o PSB.
Na reta final – O affair Marília pode ter um desfecho no final da próxima semana, segundo uma fonte candanga do PT. A direção nacional só estaria à espera da volta do ex-presidente Lula, que foi pedir o perdão dos seus pecados ao Papa e depois receber uma homenagem na França. A pré-candidata tem reclamado da perda de tempo para definir a estratégia de sua campanha, fase importante para colocar o nome nas ruas, como já vem fazendo há muito tempo o pré-candidato do PSB, João Campos, até em atos oficiais da Prefeitura do Recife. (Da Coluna deste Sábado do Blogueiro Magno Martins)