Confira o que rolou no primeiro dia da programação da Tenda Literária Cepe, que pega carona no 12º Festival de Cinema de Triunfo, de 5 a 10 de abril, em frente ao Theatro Cinema Guarany.
Difundir as narrativas do interior pelos próprios realizadores da Zona da Mata, Agreste ou Sertão, e formar mão de obra e público são os maiores desafios para quem faz cinema no interior e é da região. Essas questões levantadas na palestra sobre interiorização do cinema pernambucano, na segunda-feira, 5 de agosto, primeiro dia de palestras da Tenda Literária Cepe. O espaço de convivência montado pela empresa pública do Estado traz livraria da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), café e palestras sobre cinema, cultura e literatura.
Os realizadores Carlos Kamara, de Orobó, e William Tenório de Afogados da Ingazeira, ressaltaram a importância e as dificuldades do fazer cinema sobre o interior do Estado por quem é da região. O que chamou atenção de William – organizador da Mostra de cinema do Pajeú, ocorrida em maio, e que já está em sua quinta edição – nos filmes que viu no Recife quando morou por lá foi ver seu lugar na tela. “Contar e difundir nossas narrativas”, diz ele. Os longas Baixio das Bestas(2006) e Febre do Rato (2011), ambos do diretor Cláudio Assis, mostravam lugares da capital pernambucana frequentados por William. Dessa vontade de se ver na telona começou a vontade de fazer cinema no interior. Daí veio um cineclube, pesquisas, cursos, oficinas, até publicação de livro está prevista. “Isso gera uma cadeia de profissionais locais, que é o que falta. Agora já temos técnicos de som, fotógrafos, produtores. Quando se pensa em cinema no interior de Pernambuco, Afogados da Ingazeira já vem à cabeça”, celebra William.
O criador levanta ainda a questão de se continuar retratando um Sertão arcaico ou místico na sétima arte.“Historicamente o cinema brasileiro retratou o Sertão, como em Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha). Quando produzido por quem não é sertanejo acaba cristalizado. O Sertão do século 21 tem o arcaico mas também a internet, as redes sociais. Não é só fome e seca”. Para William, a importância de festivais como o de Triunfo e de espaços para debate e livraria como a da Cepe possibilitam acesso à cultura em toda a extensão do Estado. “São formas de dialogar com o interior e mostrar o que está sendo produzido em Pernambuco”.
“Na minha cidade havia um cinema de rua na praça. Foi assim que começou minha paixão. Passei a saber de ficha técnica, roteiro, editor, atores, direção de arte, fotografia, tudo sobre os filmes que assistia me interessava. Comecei a fazer cursos”, recorda Carlos, organizador do Festival Cine Orobó, realizado em junho na cidade agrestina. Carlos conta que foi graças ao emprego nos Correios, em uma agência do Centro do Recife, que conheceu cineastas como Jomard Muniz de Britto, no tempo em que era preciso enviar o filme pelo correio para participar dos festivais. Carlos assina um curta que será exibido nesta quarta-feira no festival, O Quarto Negro.
Pouco se sabe, mas há festivais na Zona da Mata Norte (Festival Canavial), Mata Sul (Vitória de Santo Antão), Agreste (Taquaritinga do Norte, Gravatá, Caruaru, Bezerros, Orobó), e Sertão (Salgueiro, Afogados da Ingazeira, Triunfo e Serra Talhada).
Na programação desta terça-feira (6 de agosto), às 18h, uma conversa sobre audiovisual, televisão e literatura, com a diretora Ana Farache e o professor de cinema da UFPE Paulo Cunha. Os dois adiantam conteúdo do livro Geneton Moraes Neto: Viver de ver o verde mar, a ser lançado no final de agosto pela Cepe. Também participa do bate-papo o professor de Letras e roteirista Adriano Portela, prefaciador da nova edição da Cepe de Casos Especiais, de Osman Lins, também com lançamento previsto para agosto.
Programação Tenda Literária Cepe:
06/08 (terça-feira)- Cinema, TV e Literatura (próximos lançamentos da Cepe Editora)
Participantes: Ana Farache, Paulo Cunha e Adriano Portela, que comentam os próximos lançamentos Cepe Editora: Geneton Moraes Neto: Viver de ver o verde mar, e Casos Especiais, de Osman Lins.
07/08 (quarta-feira) – Bate-papo sobre Crítica cultural
Participantes: Eduardo César Maia (crítico literário), Pedro Severien (cineasta), mediação de Olívia Mindêlo (editora da Revista Continente Online)
08/08 (quinta-feira) – Mulheres no audiovisual em Pernambuco: um panorama da presença feminina nos sets
Participantes: Juliana Lima (cineasta) e Nara Aragão (cineasta e produtora), Yane Mendes (cineasta integrante do grupo Mulheres pelo Audiovisual/MAPE)
09/08 (sexta-feira) – Políticas públicas de cinema e resistência
Participantes: Emilie Lesclaux (produtora de cinema), Clara Angélica (cineasta e jornalista) e Luciana Veras (repórter especial da Revista Continente)
10/08 (sábado) – História do cinema pernambucano
Participante: Luiz Joaquim (professor e crítico de cinema)
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