É fácil usar o equipamento?
Inicialmente, ele treinava usando seus implantes no cérebro para controlar um personagem no computador, uma espécie de avatar num jogo digital. Na fase seguinte do experimento ele passou a usar o exoesqueleto.
“Me sentia como o primeiro homem na Lua. Eu não andei por dois anos. Esqueci-me de como era ficar de pé, de como eu era mais alto que muitas pessoas naquele quarto”, disse.
Aprender a controlar os braços levou muito mais tempo.
“Era muito difícil porque há uma combinação de diversos músculos e movimentos. É a coisa mais impressionante que consigo fazer com o exoesqueleto.”
O exoesqueleto é eficiente?
Os 65 kg de robótica sofisticada não restauram completamente as funções do corpo.
Mas é um avanço significativo, em meio a abordagens científicas semelhantes nesse campo, que permite controlar um membro separadamente com seus pensamentos.
Thibault precisa ser conectado a um cabo no teto para minimizar o risco de ele cair no exoesqueleto, o que significa que o dispositivo ainda não está pronto para sair do laboratório.
“Ainda estamos longe de uma caminhada autônoma”, afirmou Alim-Louis Benabid, presidente conselho-executivo da Clinatec, em entrevista à BBC News.
“Ele não tem movimentos rápidos e precisos para evitar cair. Ninguém na Terra tem isso”, acrescentou.
Thibault foi bem-sucedido em 71% das tentativas de tocar objetos específicos usando o exoesqueleto para mover o antebraço e girar os punhos.
Benabid, que desenvolveu estimulação cerebral profunda em casos de Parkinson, afirmou: “Nós solucionamos o problema e mostramos que o princípio está correto. Essa é a prova de que podemos ampliar a mobilidade de pacientes com um exoesqueleto”.
Quais são os próximos passos?
Os cientistas franceses afirmam que a pesquisa busca o refinamento da tecnologia.
No momento, há limitações sobre o volume de dados que pode ser lido do cérebro, enviado ao computador, ser interpretado e enviado ao exoesqueleto em tempo real.
Eles têm 350 milisegundos para o movimento, caso contrário o sistema se torna difícil de ser controlado.
Os pesquisadores têm usado apenas 32 dos 64 eletrodos presentes nos implantes.
Então, há potencial para ler o cérebro de modo mais detalhado usando computadores superpoderosos e inteligência artificial para interpretar a informação oriunda do cérebro.
Há planos também para desenvolver o controle dos dedos que permitam a Thibault pegar e mover objetos.
Ele já usou o implante para controlar uma cadeira de rodas, por exemplo.
E as possibilidades controversas de uso dessa tecnologia?
Há diversos cientistas pesquisando maneiras de usar exoesqueletos para ampliar as habilidades dos homem, um campo conhecido como transhumanismo, para além de superar paralisias.
Isso inclui, obviamente, o uso militar desses dispositivos.
“Nós não seguiremos em direção a essas extremas e estúpidas aplicações”, afirmou Benabid à BBC.
E acrescenta: “Nossa abordagem não é um ser humano melhorado. Nosso trabalho é recuperar pacientes machucados que perderam funções do corpo”.
O que dizem os especialistas?
Tom Shakespeare, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, afirma que, apesar de o estudo francês (que pode ser lido aqui) apresentar avanços “empolgantes e bem-vindos”, é preciso lembrar que “a prova de conceito é parte de um longo caminho até a possibilidade de uso clínico”.
“E mesmo que se torne funcional, os limites de custo significa que as opções de alta tecnologia nunca estarão disponíveis para a maioria das pessoas no mundo com lesões desse tipo”.
Segundo ele, apenas 15% das pessoas com lesão da medula espinhal têm cadeira de rodas ou outros dispositivos de assistência motora. (Por BBC)