Tudo parecia apenas mais uma vaquejada comum no interior do nordeste. Música alta, poeira no ar, faróis acesos cortando a noite quente e um ambiente festivo. Mas bastaram alguns segundos, um pedido para baixar a luz do carro, uma discussão, e cinco tiros para transformar a festa em tragédia. No centro dessa história: João Vitor Xavier, 27 anos, prefeito de Igarapé Grande — e pernambucano de nascimento.
Natural de Ouricuri (PE), João Vitor confessou à polícia ser o autor dos disparos que mataram o policial militar Geidson Thiago da Silva dos Santos. O crime aconteceu no último domingo (6), durante uma vaquejada em Trizidela do Vale (MA). Segundo testemunhas, o PM — que estava de folga — pediu que o prefeito reduzisse os faróis do carro, o que teria iniciado a confusão. Momentos depois, João Vitor sacou uma arma e atirou.
As investigações indicam que os tiros foram disparados pelas costas. O PM ainda foi socorrido, mas morreu no hospital. Vídeos mostram o prefeito indo até seu carro, pegando um objeto e retornando à cena da briga. João Vitor fugiu, mas se apresentou no dia seguinte com advogados. Alegou legítima defesa. A arma, segundo ele, havia sido “um presente de um eleitor” — e já foi “descartada”.
Ele não foi preso. Como tem foro privilegiado, por ser prefeito, o caso agora caminha nos tribunais superiores. A Polícia Civil segue ouvindo testemunhas e analisando as imagens. A sociedade, enquanto isso, assiste atônita: um político jovem, filho do prefeito de Bernardo do Mearim e sobrinho de um ex-presidente da FAMEM, protagonizando um dos crimes mais chocantes do ano.
João Vitor havia sido eleito com quase 5 mil votos em 2024 e declarou patrimônio de R$ 550 mil. Aos 18 anos, já era vereador em Bodocó (PE). Uma carreira precoce, construída entre Pernambuco e Maranhão, que agora pode terminar diante da Justiça — ou da impunidade.
Por Blog do Luiz Neto
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