A arte fotográfica, técnica de reproduzir as imagens pela refração da luz, teve em Belmonte um grande adepto que deixou como legado um fabuloso acervo de importância histórica incalculável para nossa cidade.
José Pinto Cavalcanti foi um famoso fotógrafo que viveu em São José do Belmonte, na época Manissobal durante a década de 1940. Artista de capacidade ímpar, que através de suas lentes projetou as imagens de Belmonte para o futuro, retratando a paisagem do seu mundo. São pessoas, ruas, residências, o templo de São José e acontecimentos sociais que envolveram a cidade num longo curso da crônica que ele registrou nos negativos dos seus filmes e na contemporaneidade do tempo e da vida.
Dono do famoso “FOTO BONFIM”, em sua modesta sala de trabalho, soube compensar a falta de estrutura com seu imenso talento. Com o passar do tempo foi adquirindo fama, renome e prestígio com a instalação de um novo e moderno atelier fotográfico, onde atendia a todos com extrema cordialidade, sempre franco, expansivo, fumando seu cigarrinho, rindo manso por entre os dentes, batendo e revelando chapas dia e noite, e aos poucos, amealhando as economias que lhe chegavam às mãos, como justo prêmio de um trabalho incansável e honesto.
Zé Pinto soube se impor como profissional, tornando-se presença obrigatória nas festas sociais, nos prélios esportivos e acontecimentos tumultuosos da política, que no dizer do professor Neco Medeiros, “sempre transforma a vida de Belmonte numa espécie de campo de batalha ou de guerra fria, com seus profetas de rua, seus ídolos populares, suas figuras carismáticas”.
O fotógrafo Zé Pinto foi na verdade o responsável pelo registro iconográfico da cidade, onde através do seu importante trabalho conseguiu documentar o cotidiano, a história social e cultural de Belmonte daquela época.
No dia 18 de janeiro de 1942 na matriz de São José, perante as testemunhas Jacinto Gomes dos Santos e Cícero Moraes de Carvalho, Zé Pinto, filho do Sr. Manoel Cavalcanti da Silva e Maria Rita da Conceição, aos 32 anos de idade, desposou a senhorita Maria Marcolina da Silva (Lia), com 20 anos de idade, natural de Floresta, filha de Francisco Clemente da Silva e Marcolina Maria da Conceição. Depois do casamento o casal passou a residir na “Casa do Jenipapo” (antiga casa da sra. Anita Alencar), localizada na Praça Joaquim Leonel, centro histórico da cidade de Belmonte. Interessante é que ainda hoje existe uma placa no frontispício do imóvel que assinala o ano de sua construção “1858”. Nas suas correspondências Zé Pinto usava este número como sendo o número do endereço da residência numa rua que tinha apenas naquela época dez casas.
Pelos fatos expostos é possível concluir que o fotógrafo Zé Pinto deixou em Belmonte uma herança de trabalho que muito engrandece a cidade, pois é através de sua obra que o nosso passado é revisitado, evitando assim que a poeira do tempo cubra para sempre os nossos feitos e glórias.
Por Valdir José Nogueira de Moura
Colunista de cultura do Blog do Silva Lima