Uma eventual imposição de sanções pelos Estados Unidos contra a Rússia, visando pressionar o fim do conflito na Ucrânia, pode ter um impacto significativo no agronegócio brasileiro. A medida, que visa taxar pesadamente países que mantêm relações comerciais com a Rússia, preocupa o setor, especialmente no que se refere à importação de fertilizantes.
Nos últimos anos, o Brasil se tornou dependente da Rússia como fornecedor de insumos essenciais, como diesel e fertilizantes. Em relação aos fertilizantes, o Brasil importou 9,27 milhões de toneladas em 2021, número que saltou para 11,39 milhões de toneladas no ano passado, com um custo de US$3,70 bilhões. No primeiro semestre deste ano, as importações já somam 5,71 milhões de toneladas.
A Rússia é um dos principais fornecedores, respondendo por 23% das importações brasileiras. Outros países como China (14%), Marrocos (11%) e Canadá (9,8%) também contribuem, mas a suspensão das compras da Rússia poderia gerar sérios problemas para o setor.
O Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Paraná são os principais estados importadores, e no caso do Paraná, existe uma logística facilitada, onde caminhões que transportam grãos para exportação retornam às fazendas carregados com fertilizantes, otimizando o frete.
A possível sanção reacende o debate sobre a dependência do Brasil em relação a insumos externos, mesmo sendo um dos maiores produtores mundiais de alimentos. A falta de uma política de produção interna de fertilizantes expõe o país a riscos em um cenário internacional instável.
Enquanto isso, estados como o Ceará buscam alternativas para minimizar os impactos de possíveis sanções, com medidas de auxílio financeiro a empresas exportadoras e incentivos fiscais. No setor de logística, a Transpetro implementa novas tecnologias, como o uso de drones, para inspeção de tanques de carga, visando otimizar processos e reduzir o tempo de parada de embarcações.