O aposentado de 72 anos, Messias Virgínio é ex-testemunha de Jeová há 10 anos e foi um dos pais presentes no protesto realizado neste domingo (10/8), na Avenida Paulista, região central de São Paulo. A manifestação questiona um dogma da religião que incentiva adeptos da igreja a “cortar convivência com ex-membros”
Messias contou que o Dia dos Pais não é mais completo, desde que saiu a religião, visto que quatro dos cinco filhos dele continuam testemunhas de Jeová e por isso não falam com ele.
“Hoje o Dia dos Pais não é completo para mim, porque, desde que saí das Testemunhas de Jeová, meus filhos que permanecem na religião não falam comigo e me evitam, porque a liderança ensina que sou alguém ‘perigoso e infiel’ a Jeová, porque saí da igreja. Tenho cinco filhos e quatro deles são Testemunhas de Jeová e cortaram contato comigo desde que saí de lá. Apenas um filho, que também é ex-membro, como eu, é que mantém viva a relação de pai e filho comigo”, diz Messias Virgínio.
Ele ainda conta que chegou a fazer uma viagem de Diadema até Sorocaba para visitar os filhos, mas não foi recebido. “Sei que meus filhos me amam e só estão obedecendo a liderança e a doutrina da igreja”.
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Ele diz que a igreja afastou os filhos dele por conta de um dogma religioso
Arquivo Pessoal
Messias Virgínio de 72 anos diz que filhos não falam mais com ele após saída das Testemunhas de Jeová
Arquivo Pessoal
O aposentado é uma das cerca de 20 pessoas que se reuniram na Avenida Paulista neste domingo para questionar uma publicação feita pela igreja em maio de 2025 na revista A Sentinela.
O artigo diz que cortar contato com ex-fiéis, e até com a própria família, é um “ato de bondade”. Segundo a publicação a separação “ajuda a manter a congregação pura” e faz com que aqueles que saíram da igreja queiram voltar.
Protesto no Dia dos Pais
Pais e filhos, ex-testemunhas de Jeová, se reuniram na Avenida Paulista neste domingo para protestar contra um dogma da religião que incentiva adeptos da igreja a “cortar convivência com ex-membros”.
Segundo Yann Rodrigues, líder do Movimento de Ajuda às Vítimas das Testemunhas de Jeová, responsável pela manifestação, pais e filhos ex-participantes da religião se sentem descriminados pelas próprias famílias após a publicação feita em maio deste ano.
“É um absurdo que o que essa seita das testemunhas de Jeová ensinam em suas revistas e publicações, cause tantos malefícios nas famílias. Hoje é dia dos pais, então muitos pais sofrem, filhos sofrem, por conta do que essa seita ensina”, diz Yann Rodrigues.
Yann Rodrigues, líder do Movimento de Ajuda às Vítimas de Testemunhas de Jeová
Divulgação/ Movimento de Ajuda Às Vítimas das Testemunhas de Jeová
Protesto contou com pais e filhos ex-testemunhas de Jeová e questionou dogma de separação da igreja
Divulgação/ Movimento de Ajuda Às Vítimas das Testemunhas de Jeová
Segundo organizadores, cerca de 20 pessoas demonstraram apoio ao protesto
Divulgação/ Movimento de Ajuda Às Vítimas das Testemunhas de Jeová
Faixas questionam a diretriz das testemunhas de Jeová a respeito de transfusão de sangue
Divulgação/ Movimento de Ajuda Às Vítimas das Testemunhas de Jeová
Protesto anterior
- O movimento já havia feito um protesto parecido no Dia das Mães, em 11 de maio deste ano.
- Na ocasião, mulheres ex-testemunhas de Jeová se reuniram na Avenida Paulista com cartazes contando experiências pessoais em que perderam contato com os filhos após saírem da religião, por conta do dogma religioso.
- Além das falas no protesto, as mulheres levaram faixas expondo as situações pessoais e matérias da imprensa que citavam a religião Testemunha de Jeová, entre elas uma reportagem do Metrópoles sobre a congregação ter aliviado punição para pedófilos em um manual.