Pernambuco enfrenta um desafio persistente: a liderança na taxa de desemprego no Brasil. A situação adiciona complexidade ao cenário político e econômico do estado, especialmente com a proximidade das eleições de 2026.
A taxa de desocupação nacional atingiu 5,8% no segundo trimestre de 2025, o menor índice desde 2012. A maioria dos estados brasileiros apresentou queda nessa taxa, mas Pernambuco permanece estável com 10,4%, liderando o ranking nacional.
Apesar dos esforços do governo estadual em anunciar o crescimento do emprego formal, como em julho de 2025, com um saldo de 2.128 postos de trabalho, o impacto ainda é considerado insuficiente para alterar o panorama geral.
Internamente, o governo, a academia e instituições como federações de indústria, comércio e o Sebrae debatem a questão. Curiosamente, o estado enfrenta dificuldades na contratação em áreas estratégicas como Tecnologia da Informação, suporte a serviços médicos e logística, impulsionada pela instalação de Centrais de Distribuição na Região Metropolitana. A crescente procura por cursos de qualificação no Senai e Senac reflete essa demanda.
Analistas apontam para fatores estruturais do estado, como a tradicional produção de açúcar e álcool, que gera riqueza concentrada, sem distribuição equitativa. A participação da atividade agropecuária no PIB estadual é de aproximadamente 4,9% e tende a diminuir com o crescimento da produção de frutas irrigadas no Vale do São Francisco e o estímulo à produção de leite, derivados e criação de gado de corte.
A persistência do desemprego também se relaciona com o elevado número de beneficiários do Programa Bolsa Família no estado, 1.523.850 famílias. Em 2024, Pernambuco criou 62,2 mil novos postos de trabalho, um crescimento de quase 22% em relação a 2023, mas ainda aquém do necessário.
A taxa de desemprego em Pernambuco permanece quase o dobro da média nacional, contrastando com o pleno emprego em Santa Catarina (2,2%). A taxa composta de subutilização (14,4%) e a população desalentada (13,7%) também são fatores relevantes. Além disso, o crescimento do trabalho por conta própria, muitas vezes informal, não contribui para a redução do desemprego.
A governadora Raquel Lyra enfrenta o desafio de encontrar soluções para este problema complexo, que se torna um ponto crucial para sua possível reeleição em 2026.
Paralelamente, surge a questão do destino dos animais apreendidos dos carroceiros do Recife, com a proibição do uso de tração animal a partir de 31 de janeiro de 2026. O Centro de Vigilância Ambiental (CVA) de Olinda, responsável por receber esses animais, pode não ter estrutura para acolher todos, levantando dúvidas sobre o custo e o plano para o futuro desses animais. A prefeitura não informou sobre conversas com outras cidades ou instituições, nem sobre os gastos previstos.
No cenário do comércio exterior, o BNDES lançou linhas de crédito para exportadores afetados por tarifas, com taxas de juros variadas e prazos de carência. O Banco do Nordeste aguarda definições do Governo Federal para anunciar suas ações. Apesar da crise, empresários do setor de frutas do Vale do São Francisco conseguiram ajustar suas margens e manter as exportações. A região de Mossoró (RN), focada na exportação de melão para a União Europeia, não espera grandes impactos. No entanto, o setor de pescados, que exporta exclusivamente para os Estados Unidos, enfrenta dificuldades.
A empresa pernambucana Oceanus, especializada na exportação de atum fresco, suspendeu seus cruzeiros de pesca devido às tarifas.
Em outra frente, a empresa Acquapura Ltda. instalará e manterá 18 sistemas de dessalinização de água em comunidades rurais, parte de um projeto financiado pelo Finisa da Caixa.