Enquanto 17% dos médicos e 16% dos enfermeiros no Brasil já utilizam inteligência artificial (IA) em suas atividades diárias, apenas 4% dos hospitais adotaram a tecnologia de forma institucional. Esse cenário, revelado pelo CGI.br, expõe um paradoxo: o avanço individual supera a implementação em larga escala, refletindo a dificuldade de organizações em transcender a fase experimental e gerar impacto real com a IA generativa.
Apesar do ganho de produtividade individual com ferramentas como ChatGPT e Copilot, instituições enfrentam obstáculos técnicos e metodológicos na transformação de seus fluxos de trabalho. Estima-se que apenas 5% dos projetos corporativos de IA efetivamente criam valor.
Um estudo aponta como principais causas para o alto índice de falhas: limitações técnicas, como a ausência de memória persistente e aprendizado contínuo; erros de metodologia, priorizando soluções abrangentes em vez de pilotos focados; e a escolha inadequada de casos de uso, com foco em áreas de alta visibilidade, negligenciando oportunidades em operações críticas.
A evolução da IA generativa para agentes com memória persistente, culminando na Agentic Web, é vista como um próximo passo essencial. A Agentic Web consiste em agentes de IA especializados, comunicando-se entre si por meio de protocolos padronizados, permitindo a integração e coordenação em tempo real de diversas funções, como monitoramento de leitos, gerenciamento de escalas e análise de exames.
Embora o potencial da Agentic Web para orquestrações hospitalares em larga escala seja reconhecido, alguns especialistas defendem que os ganhos imediatos virão de aplicações verticais e específicas, como previsão de ocupação de leitos ou gestão de escalas de enfermagem. Acredita-se que a Agentic Web se consolidará nos próximos anos, com foco inicial em aplicações com retorno sobre o investimento comprovado.
Organizações bem-sucedidas na adoção de IA iniciam projetos em áreas de baixo risco regulatório e expandem gradualmente, aprendendo com implementações verticais. Backoffice, gestão de leitos e suprimentos têm demonstrado um retorno consistente, pavimentando o caminho para aplicações mais críticas.
Hospitais que avançarem rapidamente na adoção de IA poderão usufruir de vantagens significativas na qualidade assistencial, eficiência operacional e sustentabilidade financeira. A IA pode impulsionar diagnósticos mais precisos, reduzir erros, otimizar workflows, diminuir desperdícios e, consequentemente, gerar custos menores e maior produtividade. A implementação de agentes de IA especializados, e futuramente a Agentic Web, representam a chave para transformar o setor de saúde.