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Escândalo no Chile gira em torno do padre Fernando Karadima
O papa Francisco receberá um segundo grupo de vítimas do padre chileno Fernando Karadima, já condenado por pedofilia, anunciou o Vaticano hoje (22).
De acordo com a Santa Sé, o encontro acontecerá entre 1º e 3 de junho e contará com a presença de cinco sacerdotes “vítimas de abuso de poder, consciência e abuso sexual”, além de dois padres, que os ajudaram durante o processo legal e espiritual, e dois fiéis.
Todos os convidados, que serão hospedados na Casa Santa Marta, participaram das reuniões realizada pelo arcebispo de Malta, Charles Scicluna, em fevereiro passado.
“Com este novo encontro, o papa Francisco quer mostrar sua proximidade com os sacerdotes abusados, acompanhá-los em sua dor e escutar suas preciosas opiniões para melhorar as atuais medidas preventivas e combater os abusos na Igreja”, diz o comunicado.
Esta rodada de reuniões concluirá a primeira fase do reconhecimento pessoal do Papa sobre o grande escândalo de pedofilia que afetou a Igreja chilena, mas “não descarta que tais iniciativas possam se repetir no futuro”.
As reuniões do primeiro fim de semana de junho serão realizadas em grupos e individualmente. Na manhã de sábado (2), o líder da Igreja Católica celebrará uma missa particular para as vítimas.
“O Santo Padre continua a pedir aos fiéis do Chile, e em particular aos fiéis das paróquias onde estes sacerdotes realizam o seu ministério pastoral, para acompanhá-los nestes dias com a oração”, finaliza o Papa.
O anúncio acontece depois que Jorge Mario Bergoglio recebeu no final de abril outras três vítimas chilenas de Karadima – José Andrés Murillo, James Hamilton e Juan Carlos Cruz. Na última semana, 34 bispos chilenos entregaram seu pedido de renúncia diante dos escândalos de abusos sexuais.
Entenda o caso
O escândalo de pedofilia no Chile gira em torno do padre Fernando Karadima, 87 anos, condenado pelo próprio Vaticano por violência sexual contra menores. No entanto, as vítimas também acusam o bispo de Osorno, Juan Barros, 61, de ter acobertado os casos.
Em sua visita ao Chile, em janeiro, o Papa chegou a dizer que as denúncias contra Barros eram “calúnias”, o que provocou a ira das vítimas e críticas até do cardeal Sean O’Malley, líder da comissão antipedofilia criada pelo Pontífice.
Já na viagem de volta a Roma, Francisco pediu desculpas por ter contestado os relatos das vítimas, e, pouco depois, enviou Scicluna para aprofundar as investigações no país latino.
O relatório produzido por ele tem 2,3 mil páginas e depoimentos de 64 vítimas e parentes de pessoas afetadas por casos de abuso.
Após ler o documento, que cita outros episódios de acobertamento, o Papa admitiu que cometera “erros de avaliação” sobre o escândalo e convidou os sobreviventes – como eles próprios se autodenominam – para o Vaticano.
Por ANSA
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