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Nordeste Guarda Tesouro Mineral, Mas Futuro Depende de Estratégia Nacional

O debate sobre a exploração de terras raras e minerais críticos, em um cenário de crescente disputa global entre Estados Unidos e China, ganha um novo capítulo com um estudo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), área de pesquisa do Banco do Nordeste (BNB).

O estudo, utilizando dados da Nacional de Mineração (ANM), aponta o Nordeste como uma região com grande potencial para exploração de diversos minerais, incluindo níquel, cobre, silício, titânio e vanádio. Esses minerais são essenciais para a produção de baterias de íon-lítio, turbinas eólicas, painéis solares e equipamentos de tecnologia.

O Brasil detém a segunda maior reserva de terras raras do mundo, representando 14,1% das reservas globais conhecidas, totalizando 11,4 milhões de toneladas, atrás apenas da China (44 Mt). Apesar de não haver produção de terras raras no Nordeste atualmente, o estudo indica potencial nos estados da Bahia, Maranhão, Piauí, Ceará e Espírito Santo, além de Minas Gerais. Em 2024, o Brasil registrou um déficit de US$ 6,4 milhões no comércio exterior de terras raras.

A China tem utilizado sua posição no mercado de minerais como ferramenta diplomática, restringindo exportações de gálio, germânio e terras raras em resposta a sanções ocidentais, o que tem levado o Brasil a reconsiderar sua abordagem. Atualmente, apenas uma mineradora opera na área de terras raras no Brasil, exportando sua produção desde o ano passado.

A Internacional de Energia indica um forte crescimento contínuo na demanda por minerais críticos e estratégicos. Em 2024, o consumo de lítio aumentou quase 30%, enquanto a demanda por níquel, cobalto, grafita e terras raras cresceu entre 6% e 8%.

O Nordeste contribuiu com R$ 10,97 bilhões do Valor da Produção Mineral (VPM) nacional em 2024, correspondendo a 4,65% do total. A região se destaca pelo potencial de minerais críticos, participando com 19,2% da produção nacional, especialmente de titânio, tungstênio e vanádio, representando individualmente mais de 90% do VPM do país. Na produção de urânio, a participação do Nordeste é de 100% do país.

Atualmente, existem 406 concessões de lavra ativa pertencentes a 194 empresas na região. Adicionalmente, 5.410 empresas detêm 25.037 títulos de autorização de pesquisa mineral para diversos minerais estratégicos.

Em 2023, o Nordeste recebeu investimentos de R$ 3,29 bilhões (13,4% do total investido no Brasil), com participação de 50% nos investimentos em exploração de potássio, lítio, titânio, tungstênio, vanádio e grafita.

O estudo do Etene adverte que o Nordeste possui condições para diminuir a dependência de importações, como fertilizantes, potássio e fósforo, além de ocorrências de insumos minerais aplicáveis em produtos de alta tecnologia nas áreas de energias renováveis (eólica e solar), defesa, eletrônica, mobilidade elétrica e comunicação à distância.

A produção de minerais estratégicos no Nordeste representa uma oportunidade de inclusão produtiva, especialmente no Semiárido, dependendo de políticas públicas adequadas para se consolidar como um polo de minerais críticos e estratégicos. Para ampliar a produção, o Nordeste precisa superar desafios como infraestrutura logística limitada e a necessidade de mais investimentos em pesquisa mineral e conhecimento geológico.

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