Ter um cantinho verde dentro de casa é um prazer que vai além da estética. As plantas aquáticas, em especial, trazem um toque de leveza e ajudam a equilibrar a umidade do ambiente. Mas, para que cresçam saudáveis e não se tornem um problema ambiental, é importante conhecer suas necessidades.
A bióloga e paisagista Pit Passi recomenda três espécies que se adaptam bem a ambientes domésticos — com as orientações certas para cultivo em vasos ou pequenos tanques.
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1. Aguapé (Eichhornia crassipes)
Com folhas arredondadas e flores lilases que se destacam sobre a água, o aguapé — também conhecido como jacinto-d’água — é uma das plantas aquáticas mais populares e vistosas.
Originária do Brasil e de regiões tropicais da América do Sul, ela pode ser cultivada em vasos, bacias ou tanques com cerca de 15 a 20 cm de lâmina d’água, sempre recebendo sol direto por pelo menos quatro horas diárias.
Pit explica que o aguapé cresce rapidamente e, por isso, precisa de podas frequentes. “É uma planta linda, mas de crescimento acelerado. Fora de recipientes controlados, pode se tornar uma espécie invasora e comprometer o equilíbrio de ecossistemas aquáticos”, alerta.
Por esse motivo, o descarte deve ser feito com cuidado, jamais em rios ou lagoas. Em climas frios, a planta também precisa de proteção, já que não tolera geadas.
2. Ninféia-amazônica (Nymphaea amazonum)
Símbolo de delicadeza, a ninféia-amazônica chama atenção pelas flores brancas, rosadas ou lilases, que flutuam sobre folhas arredondadas. É uma planta nativa da Amazônia e da Bacia do Prata, muito usada em lagos ornamentais e tanques de jardim.
Para o cultivo em casa, Pit orienta usar um vaso largo e fundo (mínimo 30 cm), com substrato argiloso e adubo orgânico, como bokashi ou esterco curtido. “A lâmina d’água deve cobrir as folhas novas em cerca de 15 a 25 cm. Sem sol, ela não floresce”, explica.
A ninféia prefere águas paradas, sem cloro e sem correnteza, mas esse ambiente pode atrair mosquitos. Por isso, a recomendação é trocar a água semanalmente e podar folhas velhas para evitar o acúmulo de matéria orgânica.
Em regiões frias, é preciso cuidado: temperaturas abaixo de 10 °C prejudicam o desenvolvimento da planta.
3. Papiro-de-jardim (Cyperus alternifolius)
De porte mais vertical, o papiro-de-jardim é uma herbácea de caules longos e finos, que terminam em folhas dispostas como um guarda-chuva. Apesar de ser originário de Madagascar, se adaptou muito bem ao clima brasileiro e é comum em jardins e bordas de lagos.
Segundo Pit, o papiro pode ser cultivado em vasos de 20 a 40 cm, com solo constantemente úmido ou levemente submerso — até 10 cm de água. “Ele precisa de um substrato para se fixar, mas não deve ficar totalmente submerso, senão apodrece”, explica.
Tolerante à variação de luz e solo, o papiro exige poucos cuidados. O ideal é remover hastes secas para manter a planta saudável. Durante o inverno, pode secar, mas rebrota na primavera.
Em áreas abertas, a especialista alerta: “Em solos úmidos, o papiro tende a se espalhar. Em vasos, é seguro, mas na natureza pode se tornar invasor”.
Dica final da especialista
Para quem quer montar um mini jardim aquático, Pit recomenda começar com vasos pequenos e ambientes ensolarados, mantendo a troca regular da água e controle das folhas. “Essas plantas são resistentes e muito ornamentais, mas precisam de manutenção constante. Com os cuidados certos, viram o destaque de qualquer espaço.”
Resumo rápido das espécies indicadas:
- Aguapé: flutuante, exige sol e podas regulares.
- Ninféia-amazônica: floresce em águas paradas e quentes.
- Papiro-de-jardim: semi-aquática, ideal para vasos e bordas de lagos.
Com atenção ao manejo, é possível transformar qualquer cantinho em um refúgio natural dentro de casa, com cores, vida e movimento — e sem comprometer o meio ambiente.

