A imposição de sobretaxas sobre produtos importados do Brasil pelos Estados Unidos, considerada desproporcional e com viés protecionista, gerou forte reação. A medida, vista como um ataque à soberania brasileira e uma interferência no julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, não encontrou justificativa econômica plausível.
Dentro dos Estados Unidos, a taxação enfrentou críticas do Congresso, empresários e consumidores. No Brasil, o Itamaraty tentou, sem sucesso inicial, argumentar sobre o descabimento econômico da medida.
Diante da pressão interna, da perspectiva de perda de popularidade e dos prejuízos financeiros, o presidente Donald Trump reverteu a decisão e retirou as tarifas de centenas de produtos brasileiros. A mudança, segundo analistas, não foi um ato de benevolência, mas sim um cálculo político motivado pelo receio de impopularidade e pelos potenciais impactos negativos na economia.
A ampliação da lista de isenções à sobretaxa de 40% abrange produtos como frutas, carne e café. As negociações avançaram com conversas entre Trump e Lula, mas a reversão da medida também foi impulsionada pelas dificuldades encontradas pelo presidente americano em seu país para justificar o aumento de impostos.
A alta da inflação, que poderia impactar as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, também pode ter influenciado a decisão. Para evitar maiores danos, Trump recuou da retórica tributária e buscou estreitar laços com Lula. A afinidade entre os dois líderes pode ter acelerado a revisão das tarifas, que inicialmente pareciam favorecer o governo Bolsonaro.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) celebrou a reversão, afirmando que ela “reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira”. A Abiec também destacou a importância da diversificação das exportações para o setor.
Embora o futuro político de Jair Bolsonaro possa gerar incertezas, a tendência é de estabilização nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. As negociações, que contaram com a participação direta dos presidentes, não indicam uma possível reviravolta na questão tarifária.

