Apesar da superoferta energética, custos elevados da eletricidade para residências impedem queda mais acentuada dos índices inflacionários no país.
A conta de energia elétrica residencial tornou-se o principal obstáculo para uma redução mais expressiva da inflação em 2025, com aumentos significativos.
A conta de energia elétrica residencial se consolidou como um dos maiores entraves para uma desaceleração mais robusta da inflação no Brasil em 2025. Apesar de o índice geral ter se mantido dentro das metas de tolerância, os custos da eletricidade para as famílias representam um peso significativo que impede uma queda mais acentuada dos preços no país.
A situação é ainda mais curiosa dado o cenário de superoferta de energia que o Brasil tem experimentado, com uma capacidade de geração que supera em duas vezes o consumo atual.
Dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10) confirmam a gravidade da situação. A energia elétrica residencial acumula um aumento de 15,08% no ano e de 11,41% nos últimos 12 meses, configurando-se como o principal vilão da taxa de inflação brasileira. Este patamar elevado contrasta com a inflação geral, que em novembro registrou 4,46% em 12 meses, indicando que sem o impacto da energia, a queda seria mais pronunciada.
Custos Elevados por Todo o País
A análise do IBGE revela disparidades regionais alarmantes nos aumentos das contas de energia. Em Goiânia, por exemplo, a inflação na conta de energia alcançou impressionantes 30,06% no acumulado do ano, com uma alta de 13,02% apenas em novembro.
Isso se traduz em um custo de 22,97% nas despesas das famílias goianas, um impacto substancial no orçamento doméstico.
Outras capitais também registraram aumentos consideráveis. Brasília teve uma elevação de 14,32%, Porto Alegre de 15,77% e São Paulo de 16,76%.
No Nordeste, São Luís apresentou 21,73% de alta, enquanto Vitória (ES) marcou 19,68% e Aracaju (SE) 12,94%. Belo Horizonte (MG) viu suas contas subirem 11,27%.
Esses números reforçam a capilaridade do problema e o desafio que ele representa para a estabilidade econômica nacional.
Em suma, o encarecimento da energia elétrica residencial é um fator complexo que desafia as expectativas de desinflação no Brasil. A persistência de aumentos significativos, mesmo diante de uma capacidade de geração abundante, aponta para a necessidade de análises mais aprofundadas sobre a estrutura de custos e tarifas, a fim de mitigar seu impacto direto no poder de compra das famílias e na trajetória da inflação.

