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Cúpula do Mercosul vive anticlímax com adiamento da assinatura do acordo pela UE

Decisão da União Europeia de postergar a formalização do tratado frustra o governo brasileiro e gera incerteza sobre o futuro do pacto comercial.

A decisão da União Europeia de adiar a assinatura do acordo com o Mercosul frustrou o governo brasileiro e criou um anticlímax na cúpula em Foz do Iguaçu.

A decisão da União Europeia de adiar a assinatura do acordo com o Mercosul, inicialmente prevista para o sábado (20), frustrou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e gerou um anticlímax nos preparativos da cúpula do bloco sul-americano em Foz do Iguaçu. Diplomatas de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai estavam reunidos na cidade fronteiriça, esperando que a formalização do tratado, em negociação há mais de 25 anos, ocorresse durante o evento.

Quando o adiamento foi confirmado na quinta-feira (18), a notícia causou um impacto visível. Chegou-se a sugerir uma pausa em reunião preparatória para que os participantes pudessem processar a informação, refletindo o desapontamento geral.

Apesar do clima de frustração, auxiliares de Lula indicam que o desfecho não é um desastre completo, mantendo a porta aberta para uma assinatura em um curto prazo, com expectativa de que o próximo passo seja dado em janeiro de 2026.

Contudo, a notícia foi considerada desagradável para a presidência brasileira, que transmitirá a liderança rotativa do bloco sul-americano para o Paraguai no próximo ano. Para Lula, a assinatura do acordo UE-Mercosul representaria um importante feito em seu portfólio internacional em um ano de campanha eleitoral.

Reações e Entraves

Para não comprometer o acordo, os sul-americanos evitaram reagir de forma contundente às salvaguardas aprovadas pelos europeus, mesmo que as regras não agradassem ao bloco. O Mercosul demonstrou paciência com os novos entraves para não dar munição aos opositores do tratado.

Lula, inclusive, já havia expressado publicamente que o acordo estava mais favorável à União Europeia do que ao Mercosul.

Nos bastidores, membros do governo Lula eximem o Mercosul de responsabilidade pelo novo impasse, enxergando o adiamento como reflexo da incapacidade de articulação política interna do bloco europeu. Os dias que precederam a cúpula sul-americana foram marcados por tensas negociações na Europa e recados públicos de países contrários e favoráveis ao tratado.

A França figura como um dos principais opositores à assinatura do acordo, impulsionada pela pressão de seus agricultores, e angariou o apoio da Itália às vésperas dos trâmites finais no Conselho Europeu. Uma conversa telefônica entre Lula e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, foi decisiva, com Meloni pedindo um mês para convencer os agricultores italianos a aceitar o acordo.

Essa postura, inicialmente vista como uma ameaça por Lula, foi lida em Bruxelas como um sinal de que o presidente brasileiro aceitaria dar mais tempo aos europeus.

Marcos Troyjo, que atuou como secretário de Comércio Exterior durante a negociação do texto-base do acordo em 2019, avalia que as chances de uma parceria robusta entre os blocos diminuem. Ele afirma que “as coisas ficam mais difíceis para os países do Mercosul e também para a União Europeia.

É uma grande derrota para a União Europeia não fazer o acordo”, ressaltando as implicações negativas para ambos os lados no cenário geopolítico atual.

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