Presidente brasileiro alerta para perigos de ação militar no país vizinho após movimentações navais americanas
O presidente Lula advertiu que uma intervenção armada na Venezuela seria catastrófica, estabelecendo um precedente perigoso após ameaças dos EUA.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alertou neste sábado (20) que uma intervenção armada na Venezuela representaria uma “catástrofe humanitária” para o hemisfério e estabeleceria um “precedente perigoso” para o mundo. A declaração foi feita em Foz do Iguaçu (PR), durante uma reunião do Mercosul, e surge em um momento de escalada das tensões entre os Estados Unidos e o governo de Nicolás Maduro.
A preocupação do líder brasileiro vem à tona após o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinar o bloqueio de navios petroleiros sob sanção americana ao redor da Venezuela. Essa medida é amplamente interpretada como um passo significativo em direção a uma possível confrontação militar, com relatos de militares dos EUA realizando ações contra embarcações nas proximidades do território venezuelano.
“Os limites do direito internacional estão sendo testados”, afirmou Lula, sublinhando a gravidade da situação. Para o presidente, uma ação bélica na nação sul-americana não só desestabilizaria a região, mas também criaria um cenário de sofrimento humano incalculável, além de abrir portas para futuras intervenções em outras soberanias.
O petista fez um paralelo com a Guerra das Malvinas, ocorrida entre Argentina e Reino Unido em 1982, para ilustrar a ameaça de potências extrarregionais no continente. “Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional”, declarou, enfatizando a necessidade de preservar a paz e a autodeterminação na América do Sul.
A posição de Lula reflete uma preocupação regional mais ampla com a militarização de conflitos políticos e a defesa da soberania dos países. A comunidade internacional, especialmente os vizinhos da Venezuela, teme que uma intervenção armada agrave ainda mais a já complexa crise humanitária e econômica que o país enfrenta, gerando um fluxo ainda maior de refugiados e instabilidade.
O Brasil, historicamente defensor da não-intervenção, reitera a importância de soluções diplomáticas e do respeito ao direito internacional para resolver disputas na região.