O foguete Hanbit-Nano, da sul-coreana Innospace, falhou menos de dois minutos após a decolagem do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
Um foguete da empresa sul-coreana Innospace explodiu em seu primeiro lançamento orbital do Brasil, menos de dois minutos após decolar de Alcântara.
O primeiro lançamento orbital da história em solo brasileiro, realizado pela startup sul-coreana Innospace a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, sofreu uma anomalia e explodiu menos de dois minutos após a decolagem na noite da última segunda-feira (22).
O foguete Hanbit-Nano iniciou seu voo às 22h13, alcançando a velocidade do som e o ponto de máxima pressão aerodinâmica. Contudo, a transmissão foi interrompida com a indicação de anomalia, indicando a perda do veículo.
A falha parece ter ocorrido ainda na fase propulsada do primeiro estágio, impedindo o teste do segundo estágio e resultando na perda das cargas úteis, que incluíam cinco nanossatélites brasileiros e três experimentos.
Embora frustrante, um desfecho como esse é considerado comum e esperado para o primeiro teste de voo de um novo lançador. O incidente, no entanto, adiciona-se a um histórico de tentativas fracassadas de lançamentos orbitais do Brasil, que incluem três falhas do Veículo Lançador de Satélites (VLS-1) em 1997, 1999 e 2003.
A Operação Spaceward, uma colaboração entre a Innospace e a Força Aérea Brasileira, enfrentou múltiplos atrasos. Originalmente prevista para a quinta-feira (17), a data foi remarcada duas vezes devido a problemas técnicos, como falta de energia e falhas em válvulas do foguete, além de condições meteorológicas adversas. Uma chuva no dia do lançamento empurrou as operações para o fim da noite.
O potencial de Alcântara e os próximos passos
Apesar do contratempo, o Centro de Lançamento de Alcântara mantém sua relevância estratégica. Sua proximidade com a linha do equador (apenas 2,3 graus ao sul) oferece uma vantagem significativa para lançamentos de foguetes de pequeno porte, permitindo uma economia de combustível considerável.
A rotação mais rápida da Terra nessa faixa equatorial contribui para que os lançadores atinjam a velocidade orbital necessária de cerca de 27 mil km/h com maior eficiência.
O Hanbit-Nano, um foguete de dois estágios e 21 metros de comprimento, utiliza um motor híbrido no primeiro estágio (parafina e oxigênio líquido) e um motor a metano e oxigênio líquidos no segundo. Os engenheiros da Innospace agora se concentrarão na análise dos dados coletados durante o voo para identificar as causas da falha e implementar as correções necessárias, planejando uma nova tentativa de lançamento em data ainda a ser definida.
A Innospace é, até o momento, a única empresa licenciada para lançamentos em Alcântara a atingir um estágio operacional.