ONU diante da crise EUA-Venezuela: uma nova chance para reafirmar seu papel na diplomacia global
A ONU enfrenta um teste crucial de sua relevância ao ser instada a intervir na escalada da crise entre EUA e Venezuela, buscando um papel mais ativo.
Criada há 80 anos com o nobre propósito de assegurar a paz e a segurança mundiais, a Organização das Nações Unidas (ONU) encontra-se novamente em um momento decisivo para reafirmar sua relevância. Originalmente concebida em um mundo devastado pela Segunda Guerra e pela ameaça nuclear, a entidade diversificou suas atividades, mas tem acumulado mais fracassos notáveis do que êxitos incontestáveis em sua missão de promover harmonia e cooperação entre os povos.
Apesar dos esforços em disseminar informação e propósitos humanistas, a ONU frequentemente falhou em cumprir o papel esperado em grandes conflitos, como no Oriente Médio ou na invasão da Ucrânia pela Rússia. Agora, um novo foco de tensão no Caribe, deflagrado por ataques e um bloqueio naval dos Estados Unidos na costa da Venezuela, coloca a organização novamente sob os holofotes. A comunidade internacional, impulsionada por aliados venezuelanos como Rússia e China, pressiona a ONU a se posicionar formalmente contra os movimentos belicistas do presidente Donald Trump.
O Impasse Geopolítico e a Busca por Soluções
A estratégia de segurança nacional dos EUA, sob um segundo mandato de Trump, tem ameaçado cada vez mais os princípios fundadores das Nações Unidas. A reunião de forças militares no Caribe e o impedimento de entrada e saída de petroleiros da Venezuela criam uma crise iminente, com a sensação de um ataque norte-americano para depor Nicolás Maduro, enquanto sanções econômicas agravam a situação do povo venezuelano.
O histórico recente sugere que a ONU pode não ter capacidade para demover Trump de seu ímpeto de guerra.
A interlocução diplomática direta de outras potências e até mesmo alertas sobre a queda de popularidade interna de Trump poderiam ter mais impacto do que as represálias da ONU. No Conselho de Segurança, as posições são previsíveis: a Venezuela acusa os EUA de extorsão e pirataria, enquanto a Casa Branca justifica suas ações como forma de impedir o financiamento de organizações terroristas ligadas ao tráfico de drogas por Maduro.
Após alguma hesitação, chineses e russos recorreram à ONU para criticar os EUA.
Países da América Latina, por sua vez, observam com apreensão e apelam para uma resolução negociada. O Brasil, sob a liderança do presidente Lula, adota uma postura cautelosa, evitando confrontos diretos com qualquer parte envolvida – Maduro, Putin ou Trump.
Essa abordagem, que busca relativizar atos com “palavras de baixíssima validade”, reflete a complexidade do cenário diplomático.
Se a ONU conseguir encontrar um caminho eficaz para pacificar esta crise, poderá, de fato, reencontrar uma relevância há muito questionada. Contudo, no atual e volátil cenário geopolítico, tal reviravolta seria, sem dúvida, surpreendente e representaria um marco significativo para a organização.