Na madrugada dessa quarta-feira (16/7), Brasília se despediu de uma de suas pioneiras mais respeitadas e queridas. Neusa Baeta morreu aos 104 anos, enquanto dormia, na residência em que morava, no Lago Sul. Nascida em 1921, em Lavras, Minas Gerais, ela e o marido, o saudoso dentista Henrique Baeta, escolheram a capital federal para concretizar os sonhos da tão amada família.
Mãe de Ana Maria Gontijo, Eduardo e Paulo Henrique Baeta, dona Neusa, como era carinhosamente chamada, deixa um legado de afeto, trabalho e dedicação. A mineira nunca mediu esforços para ver os filhos, netos e bisnetos felizes e realizados.
Com uma existência marcada por grandes histórias, superações, experiências únicas e aprendizados — afinal, completar 104 anos não é para qualquer um —, dona Neusa encarava a vida de maneira leve e amorosa. Para ela, aí morava o segredo da longevidade.
Segundo a neta Melissa Gontijo, a pioneira completou seus 104 anos muito bem e saudável. Contudo, em junho, ela comeu algo que não lhe fez bem. Foi hospitalizada e, depois disso, teve infecções no estômago e no intestino. Dona Neusa, portanto, presenciou idas e vindas do hospital. Para a família, o último mês serviu como uma “preparação” da despedida.
No entanto, mesmo diante das adversidades, a mineira nunca perdeu a alegria, o pensamento positivo e o astral elevado. “Ela foi um exemplo de avô, de mãe. Se cuidava muito”, pontua Melissa.
Dona Neusa morava em uma residência próxima à casa da filha, Ana Maria, no Lago Sul — e, todos os dias, recebia visita da neta Melissa. “Vou sentir muita falta desse nosso papo diário, dessa avó inspiradora”, declara.
Neusa Baeta conheceu o marido, o dentista Henrique Baeta, falecido há mais de 30 anos, enquanto frequentava o colégio interno de freiras de sua cidade natal. Desse encontro, nasceu uma linda história de amor, e ambos se casaram em 1941 — ela, com 19 anos, ele com 37.
Em 1964, o casal se mudou para Brasília. Apaixonada por trabalhos manuais e bordados, ela deu aulas no curso primário no Colégio Santo Antônio e no Rosário. Apesar de trabalhadora, também fazia questão de se dedicar profundamente ao lar.
“Eduardo queria estudar medicina, então, viemos para Brasília para facilitar. Sempre gostei muito daqui, nunca me arrependi de ter vindo”
Neusa Baeta
O segredo da longevidade
Questionada pela coluna Claudia Meireles, em 2023, sobre o segredo da longevidade com tanta saúde, dona Neusa não fez cerimônia: “É segredo até para eu mesma, mas a minha vida é normal, não tem nada de mais”, revelou ao cair na gargalhada.
Entre os seus hábitos rotineiros estava: acordar entre 8h e 9h, fazer fisioterapia três vezes por semana e realizar palavras cruzadas, atividade que praticava há décadas. Além disso, ela gostava de assistir, à época, ao programa Brasil Visto de Cima (TV Brasil), Domingão com Luciano Huck (Rede Globo) e, como uma boa brasileira, não perdia as novelas, tramas pelas quais era “apaixonada”.
Na parte da alimentação, Baeta dizia gostar de comida simples. O tradicional arroz com feijão, feijoada e bacalhau estavam entre seus pratos favoritos. Nas guloseimas, ela não abria mão de doce de figo, goiabada, doce de leite e bombom de nozes.
Mesmo sem saber ao certo como explicar o segredo de uma vida longa, a mineira aprendeu que é preciso levar tudo com muita leveza para ser feliz.
“Tudo eu acho bom, não sou uma pessoa que deseja demais isso ou aquilo. Receba com boa vontade o que a vida te oferecer, sem muita exigência. Nunca reclame do que não deu certo, porque o passado não tem como mudar. Vamos olhar para a frente e seguir”, aconselhou.
O velório e o sepultamento ocorreram nessa quinta-feira (17/7), de maneira reservada, na Ala dos Pioneiros do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.
A coluna Claudia Meireles se solidariza com os amigos e familiares de dona Neusa neste momento de muita saudade.
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