O câncer poderá se tornar a principal causa de morte no Brasil nas próximas décadas, impulsionado pelo aumento da incidência e da mortalidade. O alerta foi feito por Roberto Gil, diretor-geral do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que aponta tanto avanços quanto desafios no enfrentamento da doença.
Entre os progressos, Gil destaca a crescente priorização do tema pelo governo e pela indústria farmacêutica, refletida em novas políticas públicas e terapias avançadas. No entanto, persistem obstáculos como o diagnóstico tardio, o subfinanciamento da oncologia e a necessidade de prevenção de fatores de risco, como tabagismo, consumo de álcool e alimentação ultraprocessada.
O diretor do Inca defende a revisão dos mecanismos de financiamento, com maior alocação de recursos para prevenção e diagnóstico precoce, argumentando que pacientes diagnosticados em estágios iniciais respondem melhor aos tratamentos e reduzem a pressão sobre o sistema de saúde. Ele também detalhou a estratégia do programa “Agora Tem Especialistas”, que visa integrar a linha de cuidado do paciente oncológico através de incentivos financeiros a prestadores de serviços.
Em relação às novas terapias, Gil propõe a criação de políticas internacionais de precificação para garantir que o Brasil tenha capacidade de negociar o valor de medicamentos de alto custo, além de enfatizar a importância da autonomia nacional na produção de fármacos.
Ele explicou ainda a lógica por trás das políticas de rastreamento de câncer, voltadas para populações de risco, citando os impactos positivos já observados nos casos de câncer de colo uterino, mama e colorretal. Gil ressaltou que essas estratégias, embora eficazes, exigem uma estrutura bem organizada devido ao estresse que provocam no sistema de saúde. O diretor do Inca vê uma oportunidade única de aprimorar o rastreamento do câncer de colo do útero através da política nacional de vacinação contra o HPV.
