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Câncer em Idosos: Oncogeriatria Ganha Espaço com o Envelhecimento da População

O envelhecimento populacional crescente impulsiona o debate sobre novas necessidades na saúde, especialmente em relação à qualidade de vida de idosos, mesmo diante de doenças como o câncer. Nesse cenário, a oncogeriatria, uma abordagem transdisciplinar, ganha relevância por sua visão humanizada.

Com o aumento da expectativa de vida, projeta-se um aumento nos diagnósticos de câncer, o que exige maior atenção de médicos e sociedades médicas. Estima-se que, até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos ultrapassará 2 bilhões e que mais de 60% dos novos casos de câncer ocorrerão em pacientes com mais de 65 anos.

Para orientar profissionais de saúde, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) lançou o primeiro Manual de Recomendações de Oncogeriatria, com o objetivo de promover boas práticas, como tomadas de decisão terapêutica e manejo de síndromes geriátricas.

A oncogeriatria busca individualizar o tratamento, focando na qualidade de vida e na participação ativa do paciente. Pesquisadores, oncologistas e geriatras têm alertado para a falta de representatividade da população acima de 65 anos em estudos clínicos. Em 2000, foi criada a Sociedade Internacional de Oncologia Geriátrica (SIOG), coincidindo com a inversão da pirâmide etária em países desenvolvidos.

Em 2018, a Associação Americana de Oncologia Clínica (ASCO) publicou um guideline sobre oncologia geriátrica, com orientações práticas sobre a avaliação e manejo de vulnerabilidades em pacientes idosos em tratamento oncológico. Esse documento estabeleceu a Avaliação Geriátrica Ampla (AGA) como ferramenta padrão para orientar as decisões de cuidado. A AGA consiste em um questionário que abrange desde quedas recentes até autonomia para tarefas diárias, além de comorbidades e aspectos da saúde emocional e cognitiva. O profissional classifica o paciente como robusto, vulnerável ou frágil para direcionar o plano de cuidados.

Particularidades como comorbidades comuns ao envelhecimento e polifarmácia demandam um olhar especializado. Muitos estudos clínicos não consideram esses fatores integralmente, o que pode levar a supertratamento ou doses menores do que as necessárias. A oncogeriatria atua no rastreio, prevenção e estímulo a um envelhecimento saudável, ofertando um modelo baseado na expectativa de vida do paciente.

Na prevenção, o foco é incentivar hábitos saudáveis, já que a maior parte do envelhecimento humano está relacionada a fatores ambientais e de estilo de vida.

A oncogeriatria ainda está em fase inicial de disseminação, e um dos desafios é sua natureza transdisciplinar. É importante que noções básicas sobre envelhecimento integrem as grades curriculares de diversos cursos na área da saúde. Há também um déficit de geriatras, o que exige a capacitação de profissionais de todos os níveis de atenção e de outras especialidades.

A SBGG planeja lançar uma diretriz sobre oncogeriatria, e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) está elaborando um guideline com lançamento previsto para novembro. Além disso, um estudo de validação de uma ferramenta de triagem na população brasileira poderá viabilizar o uso mais eficiente da AGA na rotina clínica.

Espera-se que o diálogo sobre oncogeriatria se expanda, juntamente com a discussão sobre o papel do idoso na sociedade.

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