Divulgação parcial de documentos sobre Jeffrey Epstein gera controvérsia e troca de acusações políticas
Bill Clinton minimiza arquivos Epstein, com seu porta-voz acusando a Casa Branca de desviar atenção. A divulgação parcial dos documentos gera críticas de democratas e republicanos.
A recente divulgação de cerca de 4.000 arquivos relacionados ao caso Jeffrey Epstein pelo Departamento de Justiça dos EUA gerou uma série de reações e controvérsias. Entre os documentos liberados, que incluem fotos de Epstein com figuras como Michael Jackson e Mick Jagger, o ex-presidente Bill Clinton também aparece, levando sua equipe a minimizar o conteúdo e a acusar o ex-presidente Donald Trump de tentar desviar atenções.
A liberação, no entanto, foi marcada por extensas censuras. Rostos foram obscurecidos em fotos, e grandes trechos de documentos, incluindo listas de “massagistas” e páginas de processos judiciais, apareceram totalmente riscados sem justificativa.
Angel Ureña, porta-voz de Bill Clinton, criticou a demora da Casa Branca em divulgar os arquivos e o momento da liberação (uma sexta-feira à noite), sugerindo que a motivação não seria a proteção do ex-presidente democrata, mas sim uma tentativa de esconder algo maior.
Ureña reforçou que as autoridades podem divulgar quantas “fotos granuladas de mais de 20 anos” quiserem, mas que isso “não tem nada a ver com Bill Clinton”. Ele diferenciou pessoas que romperam relações com Epstein antes de seus crimes virem à tona – onde ele situa Clinton – daquelas que mantiveram contato mesmo após as denúncias. O porta-voz ainda provocou os apoiadores de Trump, o movimento MAGA, afirmando que “todos esperam respostas, não bodes expiatórios”, em uma clara alusão à proximidade que o próprio Trump teve com Epstein.
Críticas à Censura e Incompletude dos Arquivos
A parcialidade na divulgação dos arquivos não foi alvo apenas da equipe de Clinton. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, acusou o Departamento de Justiça de violar a lei, apontando a falta de documentos e a censura de materiais cruciais, como os do grande júri, considerados essenciais para identificar os responsáveis pelos abusos.
Políticos republicanos, como o deputado Thomas Massie, que liderou a campanha pela transparência, também criticaram a ação do Departamento, enfatizando que a legislação visava impedir justamente essa censura.
Novos materiais, incluindo apresentações em PowerPoint usadas por promotores e anotações telefônicas com mensagens como “Tenho uma garota para ele”, vieram à tona. Uma das anotações até registra uma ligação de Epstein para o atual presidente dos Estados Unidos, embora sem detalhes adicionais.
Questionado sobre o caso, Donald Trump se recusou a comentar publicamente, mas sua equipe rapidamente utilizou uma foto de Bill Clinton, parcialmente censurada, para reforçar a narrativa de desvio de atenção.
Donald Trump, que também frequentava os círculos sociais de Jeffrey Epstein, sempre negou ter conhecimento dos crimes do empresário, afirmando ter rompido relações antes das investigações. Apesar de ter declarado apoio à divulgação dos arquivos durante a campanha de 2024, ele inicialmente resistiu, classificando o caso como uma farsa democrata.
Contudo, sob pressão do Congresso e de seus próprios apoiadores, Trump sancionou em novembro uma lei que exige transparência sobre o caso, culminando nesta recente, mas controversa, liberação de documentos.