Uma comissão temporária dedicada às relações econômicas entre Brasil e Estados Unidos aprovou um relatório final que visa fortalecer e proteger o comércio bilateral. Liderado pela senadora Tereza Cristina, o documento propõe uma estratégia de diplomacia econômica ativa para salvaguardar as exportações brasileiras e aprofundar os laços entre os dois países.
As recomendações, que serão encaminhadas aos ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, incluem a expansão da presença institucional do Brasil em Washington, o aumento do diálogo entre os parlamentos de ambos os países e a criação de uma estrutura permanente para monitorar as investigações tarifárias americanas. Além disso, o relatório enfatiza a importância de diversificar os mercados internacionais para reduzir a dependência externa do Brasil.
O relatório ressalta que a imposição de tarifas elevadas pelos Estados Unidos, que chegaram a 50% sobre diversos produtos brasileiros, causou um impacto significativo nas relações comerciais. A senadora Tereza Cristina argumenta que essa medida revelou fragilidades na comunicação bilateral, exigindo uma resposta coordenada entre o governo, o Congresso e o setor produtivo.
A comissão realizou uma missão oficial a Washington em julho, que foi considerada um ponto central de sua atuação. Essa articulação do Senado, segundo a senadora, complementou os esforços do Itamaraty e facilitou o acesso a importantes figuras políticas nos EUA, fortalecendo o diálogo entre os governos e os setores produtivos dos dois países.
O relatório sugere três eixos principais para responder à situação atual: engajamento direto com o governo americano para buscar flexibilizações nas tarifas, fortalecimento dos canais parlamentares e articulação sistemática com os setores privados do Brasil e dos Estados Unidos.
A relatora destaca que o momento exige uma estratégia de longo prazo, não apenas para reverter as tarifas, mas também para corrigir assimetrias e aumentar a influência brasileira nos processos decisórios dos EUA. Ela ressalta a importância de complementar os instrumentos tradicionais da diplomacia estatal com uma presença institucional brasileira mais forte nos múltiplos pontos do processo decisório americano.
O relatório também aborda a dimensão geopolítica, observando que as tarifas afetam não apenas a relação bilateral, mas também o posicionamento internacional do Brasil. A crise, segundo o texto, abre espaço para o país fortalecer relações com parceiros estratégicos e pressionar os Estados Unidos a rever políticas unilaterais.
O documento inclui mais de 20 recomendações, incluindo o reforço técnico para acompanhar investigações tarifárias, a criação de um mecanismo permanente de monitoramento do comércio bilateral e o aprofundamento da diplomacia parlamentar.
Segundo o relatório, a tarifa de 50% afetou a pauta exportadora brasileira, com prejuízos estimados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em R$ 52 bilhões e risco de queda entre 0,2% e 0,6% do PIB. A medida também pode gerar impactos negativos na economia americana, com possível retração de até 1,6% no PIB dos EUA nos próximos três anos.
O documento registra avanços recentes na agenda bilateral, incluindo encontros entre autoridades de ambos os países e a redução de tarifas de 50% para 40% em diversos produtos brasileiros.
