A crise de intoxicações por metanol no Brasil, que já resultou em duas mortes e mais de 100 notificações suspeitas, ganhou destaque na mídia internacional.
Jornais de Estados Unidos, Reino Unido, França e Índia destacam a mudança abrupta nos hábitos de consumo dos brasileiros e o medo crescente com bebidas adulteradas, chegando a afirmar que as “caipirinhas foram canceladas”.
O canal de TV norte-americano ABC News publicou sobre a mudança de comportamento dos consumidores brasileiros após alertas de autoridades e médicos terem “causado pânico”. De acordo com a emissora, a noite dessa sexta-feira (3/10) foi menos movimentada em regiões antes agitadas de São Paulo – estado que vive o epicentro da crise.
O France 24 afirmou que as “caipirinhas estão canceladas” no Brasil. De acordo com o canal de notícias, a crise de intoxicações por metanol gera angústia em todo o país, já que “muitas pessoas evitam gim, vodca e cachaça — a base da adorada caipirinha brasileira”. Em contato com consumidores e donos de bares, o France 24 ainda destacou a preocupação da população.
Já o jornal indiano The Week, destacou que alguns estabelecimentos chegaram a suspender, temporariamente, a venda de bebidas destiladas. “Outros bares mudaram o cardápio e passaram a oferecer coquetéis sem bebidas destiladas”, escreveu o veículo.
Para o britânico The Independent, o foco ficou no “pânico” causado pelos casos de intoxicação. O jornal destacou, também, que “quase todos os casos foram relatados em São Paulo, o estado mais populoso do país”.
A Prefeitura de São Paulo confirmou neste sábado (4/10), a segunda morte causada por intoxicação por metanol na capital paulista. Trata-se de um homem de 46 anos, que faleceu na última quinta-feira (2/10).
Segundo a última atualização divulgada pelo Ministério da Saúde, o Brasil tem ao menos 181 casos suspeitos de intoxicação por metanol até o momento.
Desde a última terça-feira (30/9), a Polícia Federal (PF) investiga a procedência e a rede de distribuição de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. A instituição já trabalha com a hipótese de que o esquema de adulteração de bebidas com metanol não se limita a produtores clandestinos isolados, com indícios de envolvimento de facções criminosas.
Já a Polícia Civil de São Paulo trabalha com uma linha de investigação diferente.
Uma das hipóteses principais é a de que quadrilhas que vendem bebidas falsas usaram metanol para limpar garrafas de bebidas originais com o objetivo de reciclar os recipientes. Sem a higiene e o uso de água necessários, restos do químico teriam permanecido dentro das garrafas e causado as contaminações.
Na tentaiva de frear a onda de contaminações graves, o Ministétrio da Saúde anunciou a aquisição de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol – usados como antídoto em casos de intoxicação por metanol.