A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) expressou preocupação com a expansão do setor farmacêutico para áreas de diagnóstico e atendimento médico. A entidade defende uma clara distinção entre os serviços que cada segmento pode oferecer à população, especialmente após a autorização da Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização de testes rápidos em farmácias.
Segundo Milva Pagano, diretora executiva da Abramed, o mercado da saúde vive um momento de “rouba-monte”, com diferentes setores buscando expandir suas áreas de atuação, gerando confusão sobre o papel de cada um. Ela ressalta que o modelo de negócio dos laboratórios diagnósticos inclui toda a jornada do paciente, com exames realizados em ambientes adequados que embasam cerca de 70% das decisões médicas. Pagano enfatiza que não existe diagnóstico realizado em farmácia, apenas testes rápidos que auxiliam no processo, mas que geralmente precisam ser confirmados em laboratório.
A Abramed manifesta preocupação com a segurança e qualidade dos serviços prestados, alertando que induzir o paciente a acreditar que pode obter atendimento médico completo e diagnóstico em farmácias pode ser um equívoco. A entidade reconhece a importância das farmácias como porta de entrada no sistema de saúde, mas ressalta suas limitações legais, técnicas e de estrutura. Para ampliar o acesso, Pagano defende que as farmácias precisam estar preparadas e investir em tecnologia, infraestrutura e capacitação profissional, mudando o modelo mental de varejo para o de serviço.
A Abramed também está discutindo uma proposta de política nacional de diagnóstico laboratorial, buscando regulamentar e estruturar a área, que considera invisível no Ministério da Saúde. A associação manifestou interesse em participar do programa “Agora Tem Especialistas”, colocando-se à disposição para contribuir com a inclusão dos laboratórios no programa. Atualmente, a Abramed mantém uma cooperação técnica com o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI), para padronizar exames de notificação compulsória.
