O dólar operava próximo da estabilidade nesta sexta-feira (8/8), em um dia no qual as atenções do mercado financeiro estão divididas entre o tarifaço comercial imposto pelos Estados Unidos, o balanço financeiro da Petrobras e as mudanças no Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano).
Dólar
- Às 9h39, o dólar caía 0,06%, a R$ 5,42, praticamente estável.
- Mais cedo, às 9h20, a moeda dos EUA avançava 0,02% e era negociada a R$ 5,424.
- Na véspera, o dólar fechou em queda de 0,74%, cotado a R$ 5,42.
- Com o resultado, a moeda norte-americana acumula perdas de 3,18% em agosto e de 12,25% em 2025 frente ao real.
Ibovespa
- As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), começam a partir das 10 horas.
- No dia anterior, o indicador encerrou o pregão em forte alta de 1,48%, aos 136,5 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula ganhos de 2,6% no mês e de 13,5% no ano.
Juros nos EUA
Os investidores continuam monitorando o noticiário envolvendo a política monetária nos EUA. Nos últimos dias, aumentou a expectativa do mercado financeiro pelo início do ciclo de cortes da taxa de juros pelo Fed, possivelmente já a partir da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do BC norte-americano.
Na quinta-feira (7/8), o presidente dos EUA, Donald Trump, indicou Stephen Miran, que atualmente comanda o Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, para a diretoria do Fed. Ele vai suceder Adriana Kugler, que anunciou, na semana passada, que está deixando a autoridade monetária.
Miran tem pós-doutorado em Economia pela Universidade de Harvard. Ele fez parte da equipe do primeiro mandato de Trump à frente da Presidência dos EUA, entre 2017 e 2021. O nome indicado por Donald Trump ainda precisará ser aprovado pelo Senado norte-americano.
Desde o início de seu mandato, em janeiro deste ano, Trump já fez uma série de críticas ao presidente do Fed, Jerome Powell, e cobrou publicamente a redução dos juros da economia dos EUA, o que ainda não ocorreu desde que o republicano tomou posse.
Atualmente, a taxa de juros nos EUA está no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano – o percentual foi mantido inalterado na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, no fim de julho. A taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.
A decisão do Fed não foi unânime. Dois integrantes da autoridade monetária indicados por Trump votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros.
Segundo dados do Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,7% em junho, na base anual, ante 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,1% em maio.
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
Com mais um nome alinhado a Trump na diretoria do Fed, aumentou a percepção dos investidores de que ganha força na autoridade monetária a tese de que está se aproximando o momento de cortar os juros da economia norte-americana.
O mandato de Jerome Powell como presidente do Fed termina em maio de 2026. Os nomes apontados como favoritos a sucedê-lo – a indicação caberá a Trump – são os do ex-diretor Kevin Warsh; do chefe do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hasset; e do atual diretor do Fed Christopher Waller.
Petrobras
Outro destaque importante do último pregão da semana é a repercussão dos resultados financeiros divulgados na noite de quinta-feira pela Petrobras – referentes ao segundo trimestre de 2025.
A companhia obteve um lucro líquido de R$ 26,7 bilhões no segundo trimestre. O resultado da empresa reverteu o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado no mesmo período do ano passado. Já em relação ao primeiro trimestre deste ano, o lucro da Petrobras teve uma queda de 24,3%.
A Petrobras também informou ao mercado que o Conselho de Administração da companhia aprovou o pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) no valor de R$ 8,66 bilhões.
Ainda segundo a empresa, o pagamento de proventos será equivalente a R$ 0,67192409 por ação ordinária e preferencial em circulação. O montante será pago como antecipação da remuneração aos acionistas referente ao exercício de 2025, com base no balanço do dia 30 de junho.
Os proventos serão pagos em duas parcelas, em novembro e dezembro deste ano, informou a Petrobras.
Os JCPs são um tipo de remuneração que a empresa distribui aos seus acionistas. Em linhas gerais, são juros com os quais as empresas remuneram o capital investido pelos sócios – como se o dinheiro aplicado pelos investidores fosse um empréstimo.
Na prática, trata-se de uma forma de distribuição de lucros alternativa aos dividendos. Ela foi criada para substituir o desconto da correção monetária na apuração do lucro real e na base de cálculo de impostos.
Os dividendos são a parcela do lucro líquido que uma empresa distribui aos seus acionistas. Também são chamados de dividendos os rendimentos distribuídos periodicamente pelos fundos imobiliários aos seus cotistas.
Tarifaço segue no radar
Os investidores continuam monitorando os desdobramentos das negociações envolvendo o tarifaço comercial imposto pelo governo Trump sobre diversos países, entre os quais o Brasil – alvo de uma taxa de 50% sobre grande parte de seus produtos exportados aos norte-americanos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), confirmou que o governo federal elabora um plano de contingência, no âmbito do tarifaço, voltado aos pequenos produtores que não têm como ampliar os mercados.
Haddad terá uma reunião virtual com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, no dia 13 de agosto, para tratar da imposição de tarifas unilaterais de 50% sobre as exportações brasileiras enviadas aos EUA.
Ele afirmou ainda que a equipe da Fazenda recebeu um e-mail formalizando a conversa na próxima quarta-feira. Segundo o ministro, há possibilidade de, após essa primeira reunião, marcar um bate-papo presencial com Bessent.
O primeiro encontro entre os dois ocorreu na Califórnia, durante viagem oficial do ministro nos EUA em maio. À época, quando Trump impôs uma tarifa de 10% sobre o Brasil, Bessent teria reconhecido ser uma anomalia taxar parceiros comerciais que mantêm balança comercial deficitária com os EUA, segundo relato de Haddad.
O ministro ressaltou que o governo brasileiro agirá para garantir a soberania nacional e a aplicação da legislação brasileira pertinente ao caso. “Nós queremos abrir a negociação, superar esse desentendimento provocado pela extrema-direita brasileira e normalizar as relações”, concluiu.