
O padre Patrick Fernandes comparou o efeito do vício em jogos de azar a apostar, chamado de ludopatia, ao que as drogas causam no convívio social das famílias. Ele compareceu, nesta quarta-feira (21), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga empresas de jogos de azar e apostas virtuais, as chamadas “bets”.
De acordo com o sacerdote, “foi-se o tempo em que as pessoas iam [aos padres] levar uma galinha caipira, um pão”. “Hoje é mais para contar problemas, dificuldades. A gente se vê exposto, a todo momento, a realidades que as pessoas estão vivendo. E nos últimos tempos, eu tenho percebido que muitas pessoas nos procuram para partilhar situações de famílias destruídas por conta de jogos”, contou.
“E, quando eu falo destruídas, não estou me referindo somente à questão financeira, que é uma realidade também, Mas eu me refiro, acima de tudo, ao estrago que isso tem feito no convívio social dessas famílias – e sem, assim, comparar – como se fosse droga mesmo”, frisou.
O padre observou que “quando a droga toma alguma pessoa”, isso afeta toda a família. “Esses jogos também estão fazendo isso na vida de muitas pessoas e a gente tem visto isso se alastrar de uma forma nunca antes foi vista. Existe um caso, a meu ver, de saúde pública”.
Patrick contou que recebe, por semana, cerca de três pessoas que pedem orientação sobre o vício em jogos de algum familiar. “Quando a própria pessoa chega ao ponto de reconhecer que precisa de ajuda, é o estopim, a pessoa não aguenta mais”, observou.
Um dos caminhos de incentivo ao vício é a internet, na avaliação do padre, a partir da divulgação de plataformas por influenciadores que passam uma “ilusão de uma vida fácil”. “É muito simples você achar assim que é pegar um celular e rodar ali um tigrinho, alguma coisa. Não é somente isso, não. É um vício contraído e a ausência daquilo gera problemas psicológicos”, analisou.
O sacerdote citou o trabalho da Fazenda da Esperança, que participa na cidade de Parauapebas, no Pará, e disse haver a “ilusão” de que recebe apenas pessoas envolvidas em drogas ilícitas.
“Há dois anos, era raro pessoas que procuravam a gente para relatar problemas com jogos. Era uma vez ou outra e, na maioria das vezes, eram questões de jogos físicos, de baralho. No último ano, isso tem sido constante. Não é algo raro que acontece uma vez ou outra, é constante”, relatou sobre apostas virtuais.
A situação, segundo o padre, “envolve tudo, separação, endividamento, porque pega um dinheiro emprestado por conta disso, jovens que usam o cartão de crédito dos pais sem o conhecimento”. “É uma problemática que é uma bola de neve de verdade”, destacou, sugerindo aos senadores que criem políticas públicas de combate aos jogos.
Fonte: O Tempo

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