O mercado farmacêutico brasileiro, composto por aproximadamente 94 mil farmácias, passa por uma transformação significativa, buscando integrar o sistema de saúde e oferecer uma jornada completa de cuidados ao paciente. As farmácias aspiram se tornar verdadeiros hubs de saúde, abrangendo desde a prevenção até o acompanhamento contínuo.
Segundo dados da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que reúne as 26 maiores redes, cerca de 11 mil farmácias associadas estão presentes em mais de 1.100 cidades. Destas, aproximadamente 8 mil já oferecem salas dedicadas a exames e vacinação, demonstrando a expansão dos serviços oferecidos.
A telemedicina surge como uma promissora adição futura, ampliando ainda mais o potencial de cuidado que as farmácias podem proporcionar. Paralelamente, a expansão geográfica das grandes redes e o forte domínio local das regionais caracterizam o cenário atual do setor.
O uso estratégico de dados, como o CPF nas compras, emerge como ferramenta para otimizar o gerenciamento de estoque e fidelizar o consumidor. Essa abordagem permite uma maior assertividade na gestão, tornando o setor mais eficiente.
A recente aprovação no Senado do projeto de lei que permite a instalação de farmácias em supermercados é vista como uma oportunidade para ampliar a oferta de medicamentos e serviços, sem representar um risco significativo para o mercado farmacêutico.
Entre as tendências que devem moldar o futuro do setor, destacam-se a utilização da inteligência artificial para otimizar o controle de estoques e outras demandas, além da consolidação do conceito “Pharmacy First”, já implementado em outros países, que visa estabelecer protocolos simplificados para o acompanhamento de pacientes diretamente nas farmácias.
O setor farmacêutico enfrenta desafios logísticos consideráveis, com um índice de eficiência (OTIF) que indica que apenas 70% dos pedidos são atendidos corretamente. No entanto, as grandes redes têm investido em centros de distribuição próprios para mitigar essa ineficiência e garantir a disponibilidade dos produtos aos clientes.
O uso do CPF nas compras, embora envolto em controvérsias, visa otimizar o planejamento e a assertividade dos pedidos à indústria, permitindo melhores condições de compra e, consequentemente, preços mais acessíveis aos consumidores. A garantia da segurança e da privacidade dos dados é prioridade, com o tratamento das informações de forma fragmentada para evitar vazamentos.
Em relação à atuação das farmácias como hubs de saúde, a Lei nº 13.021, conhecida como Lei do Ato Farmacêutico, e a regulamentação infralegal subsequente, permitiram a expansão dos serviços farmacêuticos, incluindo vacinação e realização de exames. A visão é transformar as farmácias em centros de prevenção, triagem e adesão ao tratamento, com o farmacêutico desempenhando um papel fundamental no acompanhamento do paciente.
Apesar do avanço da telemedicina, a presença física de médicos nas farmácias não é vista como ideal. No entanto, a telemedicina, em conjunto com protocolos bem definidos, pode otimizar o atendimento em farmácias, especialmente em localidades onde o acesso a serviços de saúde é limitado.
A revisão da RDC44, que trata das boas práticas em farmácias, é considerada fundamental para adequá-la à legislação atual e permitir maior autonomia e flexibilidade na oferta de serviços farmacêuticos.
A recente aquisição de uma farmácia pelo Mercado Livre não é vista como uma ameaça imediata, mas sim como um estímulo à busca por maior eficiência e adaptação às novas dinâmicas do mercado.
As farmácias brasileiras, reconhecidas como um dos melhores modelos do mundo, buscam constantemente inovar e oferecer soluções integradas de saúde, higiene, beleza e bem-estar, com o objetivo de auxiliar os pacientes a viverem mais e com melhor qualidade de vida.