O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto apresentou uma queda de -0,11%, um recuo significativo em relação à taxa de 0,26% registrada em julho. Com isso, o índice acumula alta de 3,15% no ano.
Este cenário representa um alívio para o governo, especialmente em um momento de tensões com os Estados Unidos devido a sanções comerciais. A queda nos preços de alimentos e bebidas, que atingiu 2,94% de janeiro a agosto, é um fator crucial.
Em comparação, durante o governo anterior, a inflação acumulada em igual período de 2021 chegou a 10,06%, e em 2022, ano eleitoral, atingiu 5,79%, com disparada nos preços dos alimentos. Lula conseguiu conter a inflação em 4,63% em 2023, 4,83% em 2024 e agora, em 2025, registra 3,15%. Essa redução pode fortalecer o discurso governamental em defesa da soberania nacional, mesmo em meio a disputas internacionais.
O IPCA de agosto, referente a dois terços do ano, não garante uma redução imediata na taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). No entanto, a trajetória de queda nos preços dos alimentos é um fator positivo.
Em agosto, cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram variação negativa. Apenas dois grupos tiveram alta: Educação (0,75%) e Despesas Pessoais (0,40%). No grupo Habitação, a conta de energia elétrica residencial recuou 4,21%, devido à incorporação do Bônus de Itaipu.
A queda nos preços dos alimentos é um destaque, com reduções expressivas no tomate (-13,39%), batata-inglesa (-8,59%), cebola (-8,69%), café moído (-2,17%) e arroz (-2,61%). A safra de arroz foi tão abundante que os produtores do Rio Grande do Sul já sinalizam redução na área plantada para a próxima safra.
No grupo de alimentos, a redução nos preços se mantém há quatro meses. Em agosto, 12 dos 16 produtos pesquisados tiveram baixa. Os preços de açúcar e derivados, carnes e peixes industrializados, panificados e enlatados em conserva apresentaram alta.
O IPCA de agosto também registrou quedas nos preços de passagens aéreas (-2,44%) e combustíveis (-0,89%), incluindo gás veicular (-1,27%), gasolina (-0,94%) e etanol (-0,82%). Apenas o óleo diesel apresentou aumento (0,16%).
Apesar do cenário favorável, o Copom ainda não vê razões para promover a primeira redução nas taxas de juros, mantendo um ambiente de cautela. As expectativas de inflação permanecem acima da meta, e o ambiente externo é considerado adverso e incerto.
Embora a queda da inflação não seja suficiente para uma mudança imediata na política monetária, o governo pode utilizar esse cenário para fortalecer seu discurso e manter o embate político.