Presidente brasileiro expressa frustração com o prolongado impasse nas negociações comerciais entre Mercosul e União Europeia durante cúpula em Foz do Iguaçu.
Lula cobrou 'coragem' da União Europeia para finalizar o acordo com o Mercosul durante a cúpula em Foz do Iguaçu, lamentando o adiamento e a falta de decisão.
Foz do Iguaçu, PR – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instou a União Europeia a demonstrar “coragem” para finalizar o acordo comercial com o Mercosul. A declaração foi feita durante a 67ª Cúpula do Mercosul, realizada em Foz do Iguaçu, no Paraná, em um cenário de crescente frustração com o impasse que já se estende por mais de duas décadas.
O bloco sul-americano, diante da morosidade europeia, já busca diversificar suas parcerias, com negociações em andamento com países como Japão e Vietnã.
Lula lamentou a falta de decisão do bloco europeu, afirmando que “sem vontade política e coragem por parte dos líderes, não será possível concluir negociações que se arrastam há 26 anos”. A expectativa inicial era que um acordo de livre comércio fosse assinado durante a cúpula, que marcou o encerramento da presidência rotativa brasileira do Mercosul, agora transferida para o Paraguai.
O adiamento da solução final foi atribuído, principalmente, à pressão exercida pelo governo francês. Apesar disso, Lula revelou ter recebido uma carta dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, expressando a expectativa de que o acordo seja aprovado em janeiro.
Frustração e Críticas Internas
A insatisfação com a demora foi ecoada por outros líderes do Mercosul. O presidente do Paraguai, Santiago Peña, expressou sua decepção: “Estávamos como o noivo esperando a noiva no altar.
Perdemos uma oportunidade.”
Em um tom ainda mais crítico, o presidente da Argentina, Javier Milei, aproveitou a plenária do bloco para reiterar suas ressalvas ao Mercosul. Milei argumentou que os objetivos da união aduaneira nunca foram alcançados, citando um excesso de burocracia interna como um entrave para acordos, incluindo o com a União Europeia.
Segundo Milei, “O Mercosul nasceu com uma missão clara de promover o comércio, aumentar a prosperidade, integrar mercados e elevar a competitividade das nossas sociedades e nenhum dos objetivos centrais se cumpriu”. Ele destacou a ausência de um mercado comum efetivo, livre circulação, coordenação macroeconômica e harmonização normativa real, além da falta de um incremento significativo no comércio interno e de abertura suficiente ao mundo.
As críticas de Milei sublinham os desafios internos que o bloco enfrenta, paralelamente às complexidades das negociações externas.