
Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preveem uma participação do petista no G7 com ênfase no tema da transição energética e sem embates diretos com Donald Trump, líder dos Estados Unidos.
Lula terá direito a uma rápida intervenção na sessão do G7 para a qual um seleto grupo de países não membros foi convidado.
Além do Brasil, a lista inclui África do Sul, Austrália, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Índia e México.
Trump, como presidente de um país do G7, deve participar da mesma sessão, na próxima terça (17). Um dia antes, haverá programação em Kananaskis, na província de Alberta (Canadá), exclusiva para os integrantes do grupo das principais economias industrializadas do mundo.
Não há previsão de reunião bilateral formal entre Trump e Lula.
Um cenário em que Lula discurse para uma plateia na qual estará Trump é visto como oportunidade por alguns aliados do petista. Na visão deles, o brasileiro se fortaleceria diante de sua base política caso se coloque como um antípoda do americano.
Essa ala diz, reservadamente, que Lula poderia dar recados, mesmo que velados, para fortalecer sua posição como um líder que se opõe à linha do republicano.
A hipótese de um embate direto, no entanto, é encarada como pouco provável por um outro grupo de auxiliares, que diz que esse tipo de abordagem mais agressiva não segue a forma como Lula atuou em outras cúpulas do G7. Ele foi convidado para o encontro do grupo de 2023, em Hiroshima (Japão), e no ano seguinte, em L’Áquila (Itália).
Um aliado cita o caso do G7 na Itália, em que Javier Milei estava entre os presentes e nem por isso Lula personalizou seu discurso no presidente argentino, que se opõe a ele.
Na ocasião, o petista usou suas intervenção para destacar os objetivos da presidência brasileira do G20 -bloco de economias industrializadas e emergentes do globo- e para defender uma governança internacional da inteligência artificial.
No caso do encontro do G7 deste ano, o tema definido pela presidência canadense para a sessão com os países convidados é segurança energética.
Entre os subtópicos estão as cadeias de suprimento de minerais críticos (área de alto interesse para Trump) e o uso de inteligência artificial para impulsionar o crescimento econômico.
De acordo com aliados, Lula terá, ao menos em parte, que preparar seu discurso levando em conta as limitações da temática da sessão.
Dessa forma, deve ser inevitável abordar assuntos como a matriz energética brasileira, mais limpa do que a de outros países, e a visão do governo Lula de que a crise climática precisa ser enfrentada sob uma perspectiva internacional, uma vez que suas consequências não respeitam as fronteiras dos países.
Se no G7 italiano Lula dedicou boa parte de seu discurso para as metas do ciclo do Brasil à frente do G20, a expectativa é que, neste ano, o mesmo seja feito com a COP30 -a reunião anual sobre clima da ONU, que ocorrerá em Belém, em novembro.
Lula tem feito apelos à comunidade internacional para que o maior número possível de mandatários internacionais esteja presente na capital paraense. Na quarta-feira (12), o petista conversou por telefone com o premiê canadense, Mark Carney, que confirmou participação na COP. Trump, por outro lado, decidiu tirar os EUA do Acordo de Paris.
Lula disse recentemente que ligaria para o americano para convencê-lo a participar da reunião em Belém, mas o governo brasileiro considera como altamente remota a hipótese de presença de Trump.
Na área do clima, outro ponto que Lula tem ressaltado é a necessidade de que os países atualizem suas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), as metas de redução de emissões. Do G7, França, Alemanha e Itália ainda não o fizeram.
A ala que defende que Lula não personalize críticas contra Trump avalia que há formas de o petista reforçar posições brasileiras, como a defesa das organizações internacionais e a oposição a ações unilaterais, como sanções, sem apontar o dedo para o republicano. Segundo esses auxiliares, fulanizar a discussão poderia ser interpretado como uma provocação gratuita.
Mesmo que evite personalizar críticas contra Trump, há pontos sensíveis que frequentemente constam em discursos de Lula durante viagens ao exterior que colocam os dois governos em lados opostos.
Um deles é a regulação das plataformas digitais, apoiada pelo Brasil e rechaçada por algumas das principais big techs que são próximas à Casa Branca.
Outro é a guerra em Gaza. Lula adota um tom duro contra as ações militares de Israel, referindo-se à ofensiva como um genocídio contra a população palestina. Já Trump é o principal aliado internacional do premiê Binyamin Netanyahu e apoiou o amplo ataque de Tel Aviv contra o Irã, iniciado na madrugada desta sexta e que se estendeu ao longo do dia.
Por Folhapress

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